O deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB), que passa temporada em
Portugal, aproveitando o recesso parlamentar, não tem projeto para
disputar a Prefeitura do Recife. Nas conversas com os principais líderes
do PSB no Estado, a começar pelo governador Paulo Câmara, deixa claro
que não descarta entrar na disputa pela Presidência da Câmara dos
Deputados.
Este é o seu desejo. Mas para Jarbas chegar lá, primeiro a Câmara tem
que se livrar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que ganhou uma discreta
sobrevivência com a opção do Congresso pelas férias de janeiro,
descartando convocação extraordinária, como queria a presidente Dilma,
para dar celeridade ao processo de impeachment aberto pela Câmara de uma
forma e alterado pelo Supremo Tribunal Federal.
Na onda crescente de que o País tem que ser passado a limpo,
livrando-se não apenas de Cunha, mas também de Dilma, Jarbas pode ser um
catalizador. Tem história, envergadura para o cargo, o respeito dos
seus pares e da Nação. Precisa, entretanto, ganhar o apoio do seu
partido, onde ainda sofre de um isolamento atroz, reconhecido por ele
próprio.
Não será tarefa fácil. Segundo maior partido no Congresso, o PMDB tem
uma corrente majoritária, liderada pelo presidente do Senado, Renan
Calheiros (AL), que não banca Jarbas. A ala de Temer, vice-presidente da
República e presidente de honra do partido, não seria difícil Jarbas
conquistar o apoio e a simpatia. O problema maior reside no Governo.
Com sete ministérios, o PMDB não vai largar a inhaca do poder e
tende, portanto, a apoiar, no caso do afastamento de Cunha da
presidência da Câmara, um nome alinhado ao Palácio do Planalto. Quem
manda no PMDB é o Governo e sem os votos do seu partido Jarbas
certamente entraria numa grande aventura. Mas o que custa a ele
disputar?
Absolutamente nada! Como dizia Tancredo Neves, time que não joga não
ganha campeonato. Jarbas entraria no jogo com o discurso centrado na
moralidade e no resgate do conceito de respeitabilidade da Câmara dos
Deputados. Como Jânio Quadros, poderia adotar até a vassoura como
símbolo, para varrer a corrupção, estabelecendo um novo paradigma no
parlamento brasileiro.