Do Portal Pernambuco 247 – Paulo Emílio
O vice-líder do governo na Câmara,
deputado Silvio Costa (PSC-PE), disse que o presidente da Casa, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), alcançou o "ápice da chantagem" ao acatar o pedido de
abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A
decisão foi "porque ele precisava desesperadamente dos três votos do PT
no Conselho de Ética para não ser cassado. Pelas contas dele, ele tinha
nove votos. Mas precisava de 11. Como o PT anunciou que não votaria a
seu favor, ele se desesperou", detalhou o parlamentar, em entrevista
concedida ao 247 nesta sexta-feira 4.
Para Silvio Costa, o pedido de
impeachment "não pode ser levado a sério". O deputado lembra que os
pedidos que Cunha possuía em mãos - ele já havia rejeitado 27 - chegaram
na Câmara em março e abril. "O presidente da Câmara passou todo o ano
de 2015 chantageando o governo. Se esses pedidos tivessem realmente
algum embasamento jurídico, ele já teria iniciado este processo lá
atrás. Ele chegou ao ápice de chantagem quando viu que precisava
desesperadamente dos três votos do PT no Conselho de Ética para não ser
cassado e percebeu que não tinha. Agora, por raivinha, mesquinharia,
resolveu tomar esta atitude", disparou.
O deputado afirma não haver razões
legais e nem jurídicas para o impedimento. "O que lamento é que um homem
como Hélio Bicudo (jurista, do pedido de impeachment aceito por Cunha),
que lutou pela democracia contra a ditadura militar, se veja agora
movido pelo ódio e pelo rancor, buscando 'cabelo de anjo jurídico' com
esta história de pedalada fiscal. Ele sabe que a presidente Dilma é uma
mulher honrada e não cometeu nenhum ilícito. Ele também sabe que quem
começou com esta história de pedalada fiscal foi o FHC. A maior falta de
embasamento jurídico está no engavetamento do processo desde o começo
do ano", protestou.
O vice-líder da base governista também
condenou a reaproximação dos partidos de oposição com o presidente da
Câmara logo após o deputado anunciar que iria acatar o pedido de
afastamento da presidente Dilma. "Tem 15 dias que a oposição deixou o
plenário da Câmara esculhambando com o Cunha. Chamaram ele até de
marginal. Agora reataram a relação com este desqualificado para destruir
o país. Isso é brincar de pedir impeachment", criticou.
Para ele, a oposição, liderada pelo
presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), será derrotada na batalha
em plenário. "A oposição sabe que jamais terá os 342 votos necessários,
terá no máximo 130. Agora, de todo jeito isso fica ruim para o
investidor em razão da insegurança criada por esta situação que não
passa de uma orquestração de quem é favorável ao impeachment. Esse
lacerdismo da oposição não vai chegar a lugar algum. Carlos Lacerda pelo
menos tinha talento, algo que até isso faz falta a este pessoal",
disse.
Silvio também criticou as declarações feitas nesta
sexta-feira pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no sentido de
que a alta da Bolsa e a queda do dólar nos dias seguintes após o
anúncio da abertura do processo de impeachment é uma sinalização de que o
mercado financeiro quer o afastamento de Dilma. "FHC está rasgando a
sua história. É justamente o contrário. O mercado percebeu que o
impeachment é fruto de chantagem e que agora isso chegou ao fim. O
mercado percebeu que o governo tem força, tem voto, contra isso tudo",
afirmou.