No período em que o banqueiro André Esteves, ex-presidente do BTG
Pactual, negociava a compra da massa falida do Banco Nacional, extinto
em 1995, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), trabalhou de
forma persistente para viabilizar uma operação financeira que
favoreceria os bancos liquidados e socorridos pelo governo.
Se as propostas do deputado tivessem sido sancionadas pela presidente
Dilma Rousseff, provocariam um rombo perto de R$ 40 bilhões aos cofres
públicos, segundo fontes do Banco Central.
Na prática, o teor das emendas do deputado faria com que o Nacional –
que já foi um dos maiores bancos do País, com 1,2 milhão de clientes,
controlado pela família Magalhães Pinto – passasse da situação de
devedor confesso à de credor da União.
Passados 20 anos do Programa de Estímulos à Reestruturação e ao
Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), o Nacional ainda
deve, em 2015, R$ 17,6 bilhões ao governo.
O BTG Pactual tinha interesse em comprar o Nacional porque via
chances de ganhar dinheiro de duas formas. Esteves considerava ser
possível, com o aval do Congresso, transformar pouco mais da metade dos
R$ 31 bilhões de crédito em "títulos podres" do banco em dinheiro.
Assim, conseguiria pagar o que o Nacional devia à União e ficar com o
restante.
Além disso, o banco liquidado tinha mais de R$ 10 bilhões em créditos
fiscais. Esteves tinha "expertise" em bancos liquidados. Antes, tinha
comprado o Bamerindus, que também foi socorrido pelo Proer, por R$ 418
milhões. Em troca, levou R$ 2 bilhões em créditos tributários.