terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Bumlai fica em silêncio na CPI do BNDES



Munido de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficou em silêncio, hoje, no depoimento à CPI do BNDES da Câmara dos Deputados.
Preso na semana passada, Bumlai é suspeito de ter praticado tráfico de influência em órgãos e instituições do governo federal. Uma das acusações é de que ele intermediou um empréstimo de R$ 60 milhões do Banco Shahin no BNDES. Em razão de sua proximidade com Lula, o pecuarista tinha livre acesso ao Palácio do Planalto, segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal.
Logo no início da sessão, o empresário explicou aos deputados que iria se manter calado uma vez que era agora investigado. “Mudou muito a minha condição desde a semana passada”, justificou.
Diante dos questionamentos dos parlamentares, repetia: “Seguindo a orientação do meu advogado, eu vou me manter calado”.
Alguns deputados demonstraram irritação com o silêncio dele. Um dos autores da convocação, o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) o acusou de covardia. "É uma postura covarde, a sua posição aqui é de covardia diante dos interesses do pais, antipatriótica. Espero que tenha noção disso", disse Jordy, acrescentando que o silêncio era "ensurdecedor".
O deputado João Gualberto (PSDB-BA) o provocou dizendo que corria o risco de ficar muito tempo na cadeia e fez um apelo para que entregasse outros envolvidos. "Ponha a mão na consciência, faça a sua delação e entregue essas pessoas que têm assaltado o Brasil", disse Gualberto.
Inicialmente, Bumlai seria ouvido na semana passada pela CPI, mas foi preso no mesmo dia. A prisão do pecuarista está ligada às suspeitas de que ele tenha envolvimento no esquema de fraude, corrupção e lavagem de dinheiro descoberto pela Lava Jato na Petrobras.
De acordo com as investigações, ele realizou empréstimos no Banco Shahin no valor de R$ 12 milhões. O financiamento nunca foi pago. Em troca, o grupo Shahin conquistou, sem licitação, um contrato de navio-sonda na Petrobras. Bumlai nega as suspeitas.
Para justificar ao Banco Central a falta de pagamento, segundo as investigações, o banco Schahin efetivou um novo empréstimo em nome de uma empresa do pecuarista.