Marco Aurélio defende saída de Cunha da presidência da Câmara
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF),
defendeu nesta quinta-feira, 19, o afastamento de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) do cargo de presidente da Câmara dos Deputados durante a
tramitação do processo contra ele no Conselho de Ética da Casa. O
ministro considera que seria preciso “uma grandeza maior” por parte de
Cunha caso o parlamentar admitisse “afastamento espontâneo”, e que uma
decisão nesse sentido que “melhoraria” a crise entre o Executivo e o
Judiciário.
“Nós precisaríamos aí de uma grandeza maior para, no contexto, haver um
afastamento espontâneo, ou, quem sabe até a renúncia ao próprio
mandato”, ponderou Marco Aurélio. Cunha vem sendo acusado por
parlamentares de usar o cargo para atrapalhar o andamento do processo
contra ele no Conselho por quebra de decoro parlamentar. Ele é
investigado por ter mentido à CPI da Petrobras quando negou ter contas
no exterior.
O ministro Marco Aurélio avaliou que as acusações contra o presidente da
Câmara não condizem com o esperado por um parlamentar que ocupa esse
cargo. “É lastimável o que nós estamos presenciando, porque se aguarda
daqueles que ocupam cargos importantes como são os cargos nas chefias do
Legislativo, do Executivo e do Judiciário, se aguarda uma postura que
sirva de norte ao cidadão. E essa postura nós não estamos constatando”,
afirmou o ministro.
Manobras
A sessão marcada para analisar o parecer preliminar sobre o processo
contra o peemedebista no Conselho da Câmara chegou a ser adiada nesta
quinta-feira. De acordo com o segundo secretário da Mesa Diretora da
Câmara dos Deputados, Felipe Bornier (PSD-RJ), a sessão feria os artigos
do Regimento Interno da Casa. Depois de pressão, Cunha voltou atrás e
anulou a decisão de Bornier.
Em uma segunda manobra, Cunha determinou que as comissões em
funcionamento na Casa fossem suspensas, o que afetou inclusive os
trabalhos do Conselho de Ética. (AE)