Da Folha de S.Paulo
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (18)
que o diálogo do governo com a oposição depende da presidente Dilma
Rousseff (PT). Perguntado
pelo jornalista Roberto D'Avila, em entrevista na GloboNews, se é o
governo que tem que puxar essa iniciativa, Lula respondeu: "Obviamente".
"A
gente pode se encontrar e conversar", disse. "Se tiver assunto para
conversar e [se] a presidente da República disser assim: 'vou convidar
os ex-presidentes para discutir'", acrescentou.
O
petista também defendeu a necessidade levar uma "proposta concreta" e
de "certo respaldo" para a negociação. "Se você conversar uma vez e não
tiver uma proposta concreta, você desmoraliza a proposta política",
argumentou.
Para
que ex-presidentes, como o tucano Fernando Henrique Cardoso, sejam
chamados para conversar, Lula diz que é preciso saber se eles têm
procuração dos partidos para falar.
O
petista disse que é importante que "nós pactuássemos uma saída para
esse país" e apontou como problema "uma confrontação de um ano entre o
Legislativo e o Executivo".
Ao
longo da entrevista, ele salientou que já teve uma boa relação com o
PSDB, citando o apoio petista às candidaturas vitoriosas do tucano Mário
Covas (1930-2001) ao governo de São Paulo em 1994 e 1998. Outro exemplo
foi o apoio recebido do PSDB para a candidatura da então petista Marta
Suplicy à Prefeitura de São Paulo em 2000, também vitoriosa.
Em julho, Lula autorizou amigos em comum a procurar FHC e propor uma conversa sobre a crise política. O Palácio do Planalto expressou apoio à iniciativa, mas a proposta acabou sendo rechaçada por setores do PSDB e, finalmente, pelo próprio ex-presidente tucano.
No mês passado, a ex-senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade)defendeu a ideia de
buscar diálogo com Lula e FHC. Candidata derrotada à Presidência,
Marina disse que procuraria ambos para ter governabilidade no Congresso.
FILHO INVESTIGADO
Sobre
seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, que é alvo de
investigação da Polícia Federal, Lula disse que "ele tem que provar que
ele fez a coisa certa".
"É chato? É, mas é bom", afirmou Lula sobre o caminho da Justiça.
LEVY
Na
entrevista, Lula disse que não quer tirar Joaquim Levy do Ministério da
Fazenda. "Não quero tirar o Levy nem quero colocá-lo".
Ele defendeu a presidente Dilma Rousseff e a necessidade de fazer ajuste fiscal.
"E
ela sabe o prejuízo que ela teve politicamente com isso [o ajuste
fiscal], mas ela teve coragem de manter", afirmou o ex-presidente, para
quem "responsabilidade fiscal não é mérito, é obrigação".
De
acordo com o petista, a necessidade do ajuste só veio à tona após a
reeleição. "Dilma começou a perceber que estava saindo mais água da
caixa do que entrando água. Então, era preciso propor um ajuste. Daí, a
contradição do discurso da campanha e o que aconteceu depois", afirmou.
Lula
admitiu que sua sucessora cometeu erros, exemplificando a política de
subsídios. O ex-presidente atribui a atual crise do Brasil ao
"agravamento da crise internacional" e à "erros nossos".