A presidente Dilma Rousseff embarcou nesta sexta-feira (13) para
participar da reunião de cúpula do G-20, na Turquia, neste fim de
semana, convicta de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ainda "tem
missões a cumprir" no governo, segundo interlocutores. A presença do
ministro na comitiva ministerial ajuda a acalmar um pouco as inúmeras
pressões contra o titular da equipe econômica, que partem especialmente
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora entenda que, em algum
momento, terá de trocar Levy, Dilma avalia que a mudança não deve ser
para agora. Por isso, resiste e reafirmou sua disposição em ainda
mantê-lo, em conversas com interlocutores ontem, horas antes de viajar
para a cidade turca de Antália. A presidente decidiu antecipar seu
embarque para a viagem à Turquia, inicialmente marcado para às 18h, e
decolou pouco antes das 15h. Levy e o presidente do Banco Central,
Alexandre Tombini, não viajaram com Dilma no avião presidencial, mas se
incorporam à comitiva na Turquia, assim como Mauro Vieira, das Relações
Exteriores. A chegada a Antália está prevista para às 9h30 de hoje. A
presidente, segundo interlocutores, não reage bem a pressões,
principalmente quando estão no auge, como agora. Mas sabe que acabará
tendo que ceder ao cerco contra Levy para dar lugar a um novo ânimo no
cenário econômico. No Planalto, fala-se em dar sinais de "uma luz no fim
do túnel" em 2016. Mas neste momento, Dilma apenas tem ouvido todas as
queixas e as "digerindo", segundo um auxiliar. A sucessão de boatos
sobre uma demissão de Levy tem incomodado a presidente. Mas, ao mesmo
tempo, Levy fez chegar ao Planalto que quer ficar no cargo e que
concorda com Dilma sobre as "missões a cumprir". Só que, avalia-se, a
insistência dos rumores fragiliza o ministro e desgasta a presidente,
que se sente ainda mais sob pressão e se vê obrigada a ouvir as
repetidas investidas de Lula - ele não esconde sua preferência pelo
ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e tem estimulado seu
antigo auxiliar a operar sua volta ao governo. Na quinta-feira, Levy
teve uma vitória nas suas batalhas no Congresso, quando a Comissão Mista
de Orçamento aceitou recuar da decisão de autorizar a União a abater R$
20 bilhões da sua meta fiscal de 2016 de investimentos do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). O movimento foi visto como um "crédito"
a Levy, que precisa ainda aprovar outras medidas da segunda etapa do
ajuste fiscal - da repatriação de recursos mantidos por brasileiros no
exterior, que precisa ainda do aval do Senado, até a Desvinculação das
Receitas da União (DRU), instrumento que liberaria mais verbas ao
governo para uso sem restrições. Em jogo, estão ainda o Orçamento de
2016 e as discussões sobre a nova CPMF.