Em
abril de 1994, o brasileiro vivia sob o governo de Itamar Franco,
pagava as contas em cruzeiros reais e torcia para a seleção de Bebeto e
Romário conquistar o tetracampeonato mundial de futebol. Naquele
mês longínquo, o empresário Luiz Estevão enviou US$ 1 milhão para uma
conta do juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, na Suíça. Segundo o
Ministério Público, o pagamento estava ligado a fraudes na construção da
sede do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo.
Estevão
se elegeu senador, foi investigado na CPI do Judiciário e teve o
mandato cassado. Apesar do escândalo, continuou a fazer política e
negócios. Hoje comanda mais de 200 empresas, um time de futebol e o
diretório brasiliense do PRTB.
Em
maio de 2006, mais de 12 anos depois de pagar propina a Lalau, o
ex-senador foi condenado pelo Tribunal Regional Federal a 31 anos de
prisão por corrupção ativa, formação de quadrilha, estelionato, peculato
e uso de documento falso.
Passaram-se
mais nove anos, e ele ainda não começou a cumprir a pena. O caso mostra
como réus com muito dinheiro conseguem prolongar seus processos até o
infinito, apresentando dezenas de recursos para não pagar por seus
crimes.
Na
última segunda-feira, o Ministério Público pediu ao STF que acabe com a
farra. O subprocurador Edson Oliveira de Almeida enumerou a incrível
série de recursos que Estevão apresentou com o único objetivo de
alcançar a prescrição da pena.
Até
aqui, o ex-senador só passou cinco meses preso, devido a outro
processo. Em março, ele deixou a cadeia começou a montar um novo
negócio. Vai lançar um site jornalístico, que terá dificuldades para dar
notícias sobre corrupção e impunidade.