O
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
classificou nesta segunda-feira a saída do vice-presidente, Michel
Temer, da articulação política como um "fator positivo" aos que defendem
que o PMDB deixe o governo da presidente Dilma Rousseff. "Não
sei se a saída dele da articulação é mais um passo (para a saída do
PMDB do governo), mas para nós que defendemos a saída, a gente vê como
um fator positivo", disse Cunha a jornalistas após participar de um
debate na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O
presidente da Câmara afirmou ainda que a antecipação do congresso do
partido, marcado para novembro, "seria muito importante" para a
discussão sobre a permanência do PMDB no governo. Temer
deixou nesta segunda-feira o comando da articulação política do
governo, disse à Reuters uma fonte próxima ao setor de articulação do
Planalto.
Segundo
Cunha, o vice-presidente foi sabotado. "Ele foi muito sabotado esse
tempo todo. Não tinha condição nenhuma de fazer seu trabalho pela
sabotagem que foi feita", declarou ele, sem detalhar quem teria
prejudicado as ações de Temer.
"As condições políticas vão se mudando. Se confirmada a saída dele da articulação, é um bom sinal para ele", acrescentou.
Cunha
anunciou seu rompimento pessoal com o governo em julho após ser citado
por um delator na operação Lava Jato. Na semana passada, o presidente da
Câmara foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF), tornando-se o
primeiro político com foro privilegiado a ser acusado por envolvimento
no escândalo de corrupção.
Na
denúncia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusa Cunha
de receber pelo menos 5 milhões de dólares em propina e pede sua
condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Questionado sobre o tema em São Paulo, Cunha disse que não falaria sobre o assunto.
IMPEACHMENT
Cunha
elogiou a decisão do governo, anunciada nesta segunda, de iniciar uma
reforma administrativa que deve incluir a redução de 10 ministérios dos
39 existentes atualmente, além da diminuição do número de cargos
comissionados e de gastos de custeio, em meio aos esforços para
reequilibrar as contas públicas.
Mas o deputado ressaltou que defende um total de 20 ministérios.
"Nós
temos que dar sinal para a sociedade de economia, mesmo que o valor
monetário não seja um valor relevante. Mas reduzir 10 ministérios são
menos ministros para pegar aviões da FAB, menos 10 carros com motorista,
menos 10 assessores... consequentemente é um sinal positivo", avaliou.
"Mas eu acho 10 ainda pouco, eu defendo o número da minha proposta, que são 20 no total."
Cunha
afirmou ainda que os pedidos de impeachment contra Dilma estão sendo
analisados e que qualquer decisão será tomada com base em parecer
técnico.
"Ao fim da análise técnica será proferida minha decisão e essa decisão vai ser dada com base nos pareceres técnicos", garantiu.