A reforma administrativa planejada pela presidente Dilma Rousseff,
com corte de dez dos 39 ministérios, deixou apreensivos aliados, que
agora temem perder cargos, e fez ressurgir no governo a defesa de um
novo modelo de articulação política. Uma das ideias prevê a incorporação
da Secretaria de Relações Institucionais à Casa Civil, que, na
configuração em estudo, seria ainda mais forte do que já é e voltaria a
cuidar da liberação de cargos e emendas, além da gestão do
governo. Enquanto não há definição, deputados e senadores avaliam que a
discussão sobre corte de ministérios e redução de aproximadamente 1 mil
dos 22 mil cargos comissionados vai paralisar o governo, aumentar a
disputa por espaços na máquina pública e piorar a crise política, em um
momento em que Dilma enfrenta ameaças de impeachment. A cúpula do PT
passou agora a trabalhar com um novo cenário na articulação política
para insistir na mudança do ministro da Defesa, Jaques Wagner, para a
Casa Civil, no lugar de Aloizio Mercadante. O plano é antigo e já foi
até defendido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reuniões
com Dilma, sob o argumento de que Mercadante é inábil e já fez vários
desafetos no Congresso. Dilma nunca aceitou tirar Mercadante, alvo de
fogo "amigo", do comando da Casa Civil, mas dirigentes do PT prometem
conversar novamente com ela, caso a Secretaria de Relações
Institucionais - hoje responsável pelo "varejo" da política - seja
extinta ou abrigada naquela pasta. Ex-governador da Bahia, Wagner já foi
titular da Secretaria de Relações Institucionais no primeiro mandato de
Lula. Agora, até alguns de seus colegas de Esplanada sonham em
remanejá-lo para uma Casa Civil mais "encorpada", com poderes de
Relações Institucionais. Nos bastidores, Wagner também é tratado como
possível candidato do PT à eleição presidencial de 2018, caso Lula não
queira concorrer à sucessão de Dilma. Depois de Lula dizer que sentia
falta de Wagner no Planalto, Mercadante teve uma conversa com ele, em
São Paulo. Auxiliares disseram que o chefe da Casa Civil pediu apoio.