Marcelo Odebrecht, presidente da construtora Norberto Odebrecht,
está entre os investigados de inquérito do Ministério Público da Suíça
que apura suspeita de pagamento de propina por parte da empreiteira para
executivos da Petrobras em contas secretas no país europeu. A
Procuradoria em Berna demorou um ano para abrir o procedimento pela
complexidade do crime supostamente organizado com uso de empresas em
paraísos fiscais de difícil identificação. O MP suíço espera contar com a
colaboração brasileira para investigar contas que possam ter sido
controladas pelo empresário, detido há quase um mês em Curitiba. Em
Brasília, os procuradores evitam comentar sobre a cooperação, apontando
para o caráter sigiloso exigido por Berna. O pedido é para que haja uma
"coleta de evidências documentais" e que suspeitos que estejam no Brasil
sejam "interrogados". Um deles seria Marcelo Odebrecht. A suspeita é de
que o presidente da empresa está sob o comando de cada uma das
comissões supostamente pagas a ex-diretores da estatal. Os indícios de
pagamento de propina verificados pelas autoridades suíças estão
relacionados com os relatórios da Polícia Federal baseados em mensagens
de celulares apreendidos de Marcelo Odebrecht. Há várias referências à
Suíça. Numa delas, as siglas "PRC/Suíça" foram interpretadas pelos
agentes federais como uma referência a Paulo Roberto Costa, ex-diretor
da Petrobras que confirmou, em delação premiada, ter recebido dinheiro
da Odebrecht. O delator detalhou que o executivo Rogério Santos de
Araújo, diretor da Odebrecht Plantas Industriais e Participações, foi
quem sugeriu a ele que "abrisse conta no exterior" para receber propinas
da empresa no montante de US$ 23 milhões entre 2008 e 2009. Em nota, a
empreiteira informou que "compreende a abertura do processo na Suíça
para obtenção de maiores esclarecimentos, tendo em vista a grande
repercussão do tema no Brasil, decorrente do vazamento de informações
com interpretações distorcidas e descontextualizadas". A empresa afirma
que "tem todo interesse em esclarecer o assunto, e reitera sua intenção
de cooperar com as autoridades brasileiras e estrangeiras".