O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sinalizou nesta quinta
(4) que não está disposto a insistir na intenção de dar ao Congresso a
palavra final na indicação de presidentes de estatais, um dia depois de o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ter feito o mesmo
recuo público. "A sabatina realmente não é o mais relevante. Eu também
acho que possa ser um detalhe", disse, no segundo dia de visita ao
Oriente Médio.
Cunha
e Renan apresentaram na segunda (1) a versão de um projeto que previa
que indicados pelo governo às presidências de estatais sejam sabatinados
e submetidos à apreciação do Senado. Atualmente, cabe apenas ao
presidente da República a decisão de indicar chefes de estatais.
As
mudanças atingiriam Petrobras, Banco do Brasil, BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social), Caixa Econômica Federal e
Correios. A
presidente Dilma Rousseff reagiu à ideia e disse que a independência
dos poderes tinha de ser respeitada. Depois disso, Calheiros disse que a
sabatina dos indicados era um "detalhe menor". Cunha afirmou que o
projeto não era uma "Bíblia", mas apenas o ponto inicial de uma
discussão.
A
propósito,-- ressaalta Lauro Jardim, na ua coluna da Veja --, caso
Eduardo Cunha e Renan Calheiros tentem avançar com a proposta da Lei das
Estatais, a articulação política do governo vai trabalhar com fervor
contra o projeto.
Na avaliação de Michel Temer,
a ideia de haver mais controle sobre as estatais é positiva, mas a
ideia de sabatinar possíveis presidentes de estatais é apenas mais
fermento para o bolo de promiscuidade política que deu origem à
Lava-Jato.