A suposta tortura que a travesti Verônica Bolina, sofreu dentro do
2º Distrito Policial do Bom Retiro, em São Paulo, será investigada pela
Corregedoria da Polícia Civil e pela Defensoria pública do Estado de São
Paulo, após fotos da modelo, espancada, com o cabelo raspado e os seios
completamente expostos circularem nas redes sociais. "Há suspeita de
tortura em virtude de como o rosto de Verônica ficou desfigurado. É
difícil acreditar que para conter uma presa ela tenha que ficar com o
rosto espancado", diz a defensora pública Juliana Belloque em entrevista
ao G1. Para o núcleo especializado de combate à discriminação da
Defensoria Pública, há indícios de tortura, maus-tratos, excessos,
abusos, exposição indevida da imagem, coação e constrangimento ilegal
envolvendo a prisão e contenção de Verônica. De acordo com a Secretaria
da Segurança Pública, os policiais que ouviram o depoimento afirmam que
Verônica – cujo nome civil é Charleston Alves Francisco - quando estava
detida em uma cela, expôs a genitália e começou a se masturbar, o que
provocou a revolta dos outros presos. De acordo com a versão da polícia,
para conter a situação, um carcereiro entrou na cela para retirá-la,
quando Verônica o atacou com uma mordida na orelha. O delegado esclarece
que Verônica se machucou durante esses confrontos. O delegado Luiz
Roberto Hellmeister, titular do 2º DP, apontou que Verônica, por causa
da sua condição sexual, pode solicitar uma sala separada do restante dos
presos, mas que não houve esse pedido. Sobre a queixa de que o cabelo
de Verônica teria sido cortado, o delegado esclarece que ela já tinha
cabelos curtos quando chegou à delegacia, pois costumava usar peruca
antes de ser presa, diz a nota. Quando a defensoria tentou ouvir a
versão de Verônica, um delegado e um carcereiro estavam presentes no
mesmo ambiente onde ela era ouvida. “Não foi permitido contato reservado
das defensoras com a presa, permanecendo o delegado e o carcereiro ao
lado durante a entrevista, afirmando que a ela que ‘deveria falar a
verdade, sem aumentar nem diminuir’, bem como sabia que diante dela ter
arrancado a orelha de um agente ‘teria ficado barato’”, disse Juliana. O
deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi um dos internautas que aderiu ao
movimento #SomostodasVerônica nas redes sociais e colocou sua equipe à
disposição da família da modelo. Ele ainda se comprometeu a levar a
história à Comissão de Direitos Humanos da Câmara à CPI da Violência
contra Jovens Negros e Pobres, à Comissão Permanente Mista de Combate à
Violência contra a Mulher e também à Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República para averiguar se, de fato, houve ou não
tortura.