Quase um mês depois dos protestos que
arrastaram multidões nas principais cidades do país contra o governo
Dilma Rousseff, os movimentos que pedem o impeachment da presidente
voltarão às ruas neste domingo (12) para testar seu poder de
mobilização.
As manifestações de 15 de março reuniram cerca de 210 mil pessoas na avenida Paulista,
segundo o Datafolha, e foram as maiores realizadas na capital desde os
comícios pelas Diretas Já, em 1984. Mas até entre os organizadores dos
protestos há dúvidas sobre sua capacidade de repetir o desempenho de
março.
Monitoramento
feito pela Polícia Militar de São Paulo nas redes sociais apontou
crescimento da mobilização em cidades do interior, mas pouca diferença
na capital.
O
Palácio do Planalto conta com um esfriamento da mobilização em todo o
país. Segundo auxiliares da presidente, ela não irá se pronunciar
oficialmente sobre os protestos nem escalará ministros para falar como
em março.
"A
avenida Paulista é uma incógnita, porque agora estamos com mais
movimentos em cidades do interior e da região metropolitana", afirma
Rogério Chequer, um dos líderes do movimento Vem Pra Rua, um dos
organizadores das manifestações.
Para
os outros dois grupos na linha de frente dos protestos, o MBL
(Movimento Brasil Livre) e o Revoltados Online, será possível repetir ou
superar o número de manifestantes na capital paulista.
Os três grupos convocaram manifestações em mais de 400 cidades do país, o dobro do chamado em 15 de março.
Eles
marcharão pela primeira vez com a mesma bandeira, "Fora Dilma". Avesso à
tese do impeachment nos protestos de março, o Vem pra Rua mudou de
posição.
"O
Vem pra Rua cada hora está com uma pauta", diz Renan Santos, um dos
líderes do MBL. "No último protesto, todos vieram com a defesa do
impeachment e eles ajudaram a confundir a pauta."
O
Vem pra Rua também critica o comportamento do MBL. "Estamos buscando
diálogo para coordenação [dos protestos] com o MBL há semanas, mas não
houve resposta. Temos divergências, mas temos muitas causas em comum",
reclama Chequer.
Eles
fazem questão de se apresentar como apartidários e não gostam de ser
equiparados a movimentos que defendem uma intervenção militar, como o
SOS Forças Armadas.
O
MBL pediu à Justiça para que os movimentos favoráveis à intervenção
militar fiquem a 500 metros de distância de seu carro de som.
"Nossa
pauta defende a destituição do governo, do Congresso e do Poder
Judiciário", afirma Renato Tamaio, líder do SOS Forças Armadas.
O
envolvimento com os movimentos pela saída da presidente ainda é visto
com cautela pelo PSDB, principal partido de oposição ao governo.
Esperado
no protesto marcado para Belo Horizonte, o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) disse a aliados que decidirá "de última hora" se irá. Na
sexta-feira (10), o tucano divulgou um vídeo em que convoca a população
para as manifestações: "Se você está com um nó na garganta, vá para a
rua e se manifeste".