O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou na tarde deste sábado
(7) que o governo tenha influenciado os pedidos de abertura de inquérito
feitos pela Procuradoria-Geral da República na operação Lava Jato, que
investiga esquema de corrupção na Petrobras. Congressistas incluídos na
lista do Ministério Público apontam a intervenção principalmente de
Cardozo na definição dos nomes que agora serão alvo de investigação no
STF (Supremo Tribunal Federal).
"Não
sei se essa crítica é a mim ou se é ao procurador-geral da República ou
ao ministro Teori Zavascki. O ministro Zavascki acatou o que disse o
Dr. Janot. Eu teria influenciado os dois? Que poder é esse que eu tenho
de influenciar ministro da suprema corte e procurador-geral da
República?", disse Cardozo em coletiva no escritório da Presidência da
República em São Paulo.
"Os
depoimentos que ensejaram essas decisões foram coletadas por outras
autoridades do Ministério Público no Paraná. Eu influenciei isso também?
Que poder eu tenho! Se estivéssemos no passado, eu poderia dizer que
seria um verdadeiro Luís 14, 'o Estado sou eu'", ironizou o ministro.
Cardozo
disse que nos últimos governos do PT, ao contrário do que ocorreu em
administrações anteriores de outros partidos, não houve interferência
sobre o trabalho do Ministério Público ou de outras autoridades.
Cardozo
leu a decisão do ministro do STF Teori Zavascki sobre a referência
feita à presidente Dilma Roussef na investigação, e defendeu uma
interpretação do texto pela qual Zavascki teria deixado claro que não há
qualquer fato ou indício contra a presidente nas investigações. Segundo
o entendimento de Cardozo, o despacho do ministro indica que mesmo após
o fim de seu mandato Dilma não será alvo de apurações relativas ao
caso.
Da Folha de S.Paulo – (Flávio Ferreira)