O empresário Augusto de Mendonça, diretor da empreiteira Toyo Setal,
afirmou em delação premiada à Polícia Federal (PF) que parte da propina
era repassada ao PT por meio de doações oficiais de campanha. Ele e
Júlio Camargo, também executivo da empresa, deram detalhes sobre o
esquema de corrupção e disse que houve, também, duas outras formas de
repasse do dinheiro ilícito: “parcelas em dinheiro” e remessas em contas
indicadas no exterior. O então diretor de Serviços da Petrobras,
Renato Duque, solicitou a Mendonça que ele fizesse doações ao PT, de
acordo com o documento ao qual a revista Época teve acesso. Essa seria a
primeira vez que os empreiteiros admitam ter pagado propina ao PT por
contratos na Petrobras. Os pagamentos ao PT no exterior foram feitos,
segundo Augusto, em uma conta chamada "Marinelo", indicada pelo
ex-diretor. Um destes desvios foi de R$ 20 milhões oriundos de um
contrato de R$ 2,8 bilhões firmado com a Petrobras para obras na Repar
(Refinaria Presidente Getúlio Vargas), no Paraná. Mendonça ainda afirmou
que as empresas passaram, a partir de 2004, a fazer parte de um “clube”
em que 2% das comissões eram voltadas a obter os contratos na Diretoria
de Serviços, comandada desde 2003 por Renato Duque. O ex-diretor foi
indicado pelo ministro-chefe da Casa Civil na época, José Dirceu.