Em duas conversas em
separado no final da sessão da CPI mista da Petrobras, o ex-diretor da
estatal Paulo Roberto Costa contou a dois deputados que, em seu
depoimento no processo de delação premiada, citou os nomes de 35 a 40
políticos que estariam envolvidos no esquema. A conversa entre Costa e
os dois foi bem rápida e quando se dava o encerramento. Foi o que os
dois parlamentares revelaram ao GLOBO.
O ex-diretor confirmou que os partidos envolvidos são o PMDB, PP e PT.
A um deles, Costa perguntou:
— O senhor achou que eu colaborei?
No final da sessão, o autor
do requerimento da acareação, deputado Enio Bacci (PDT-RS), fez um
apelo a Costa, se poderia declinar o número de políticos envolvidos.
— Não precisa citar nomes
nem nada. Mas é algo acima de 10, 20, 30, 50? Não há nenhum
comprometimento. O senhor poderia me dar essa alegria, Paulo Roberto? -
perguntou Bacci.
Rindo e olhando para seu advogado, João Mestieri, Costa respondeu:
— O senhor não pode me deixar aqui numa situação meio constrangedora, mas algumas dezenas (de políticos envolvidos).
— Ok, senhor presidente, me sinto mais tranquilo ainda por ter contribuído — agradeceu Bacci.
Paulo Roberto Costa
participou de acareação com o ex-deiretor da área internacional da
Petrobras Nestor Cerveró. Durante a sessão, Costa disse que que confirma
tudo o que falou no processo de delação premiada que firmou com a
Justiça. Acusado de irregularidades na estatal, ele está colaborando com
as investigações, com o objetivo de ter uma redução da pena.
Ele também disse estar
arrependido e que decidiu participar da delação premiada por orientação
da família. Isso teria lhe trazido “sossego à alma”. Paulo Roberto disse
que todas as indicações para cargos de diretoria da empresa são
políticas e que está arrependido de ter assumido o posto. Afirmou ainda
que as irregularidades na Petrobras acontecem no Brasil inteiro, das
rodovias às hidrelétricas.