Conversei, ontem, com a viúva Renata Campos, tão logo sai dos estúdios do Frente a Frente, programa especial em homenagem ao ex-governador Eduardo Campos, que morreu na queda do avião que o conduzia para Santos, na quarta-feira pela manhã.
Pude
constatar o que muitos amigos e aliados de Eduardo já diziam ao longo
do dia que passei em frente à sua casa entrevistando políticos que a
visitavam: a sua fortaleza inabalável.
Mulher
forte e guerreira, Renata estava serena e firme, conversando
tranquilamente com todos que a abraçavam para dividir o sentimento da
dor.
Em
cada papo, relembrava os momentos alegres com o marido, suas
brincadeiras, seu lado divertido e bem humorado. Eduardo era um homem
feliz, de bem com a vida.
Segundo
Renata, na noite anterior à tragédia ele estava extremamente feliz por
ter ocupado 15 minutos na telinha do Jornal Nacional numa entrevista
para William Bonner e Patrícia Poeta.
'Fui
lá e fiz o gol”, repetia Eduardo, de acordo com Renata, para todos
aqueles que passaram a ligar cumprimentando-o pelo seu desempenho na
entrevista.
Antes
mesmo de entrar para os estúdios da TV-Globo, no Rio, Eduardo já
esbanjava muito bom humor no cafezinho na sala de espera ao lado de
Bonner e Patrícia Poeta.
“Meu marido era uma alegria irradiante e contagiante, você sabe disso, porque conviveu com ele por muito tempo”, disse.
Renata
jantou com Eduardo, após a entrevista, no hotel em que estavam
hospedados no Rio de Janeiro e pela manhã se separaram. O ex-governador
seguiu no jatinho da fatalidade para Santos.
Ela,
regressou ao Recife em companhia do caçula Miguel e só veio saber que
havia perdido seu velho companheiro e o Brasil um líder em ascensão
quando já estava em casa, no bairro de Dois Irmãos.
Apesar
da dor, Renata vem resistindo com muita bravura, assim como seus cinco
filhos e a nora, a ministra Ana Arraes, do Tribunal de Contas da União,
que estava ontem ao seu lado o tempo todo.
Lá
encontrei, também, todos os filhos do ex-governador Miguel Arraes, tios
de Eduardo, entre eles Guel Arraes, que travalha na Globo e reside no
Rio, bastante abatido.
Antônio
Campos, irmão de Eduardo, passou boa parte do tempo abraçado à mãe,
circulou entre os amigos, contou os últimos momentos que viveu com o
mano, um deles a sua festa de 49 anos, naquela mesma casa, quando,
segundo Antônio, manifestava uma certeza inabalável de que iria para o
segundo turno e ganharia a eleição.
Durante
o seu aniversário, comemorado reservadamente em família, Eduardo se
emocionou e chorou bastante quando seus filhos apresentaram o vídeo que
varre as redes sociais, manifestando o grande amor pelo pai. Era uma
homenagem não apenas ao aniversário mas também ao Dia dos Pais.
Mas
Eduardo não sabia que seria a última homenagem da família que tanto
amou e preservou, revelando o seu lado de paizão, uma das suas facetas
mais admiradas pelos seus fãs.