Uma das noras do ex-médico Roger Abdelmassih disse ao G1
por telefone que a família não quer mais falar sobre o assunto para
preservar os descendentes mais novos. "A gente não quer falar por conta
dos filhos e netos", explicou. Questionada sobre como ela e os demais
parentes receberam a notícia, Raquel Arruda apenas afirmou: "A Justiça
foi feita".
O ex-médico Roger Abdelmassih,
de 70 anos, foi preso nesta terça-feira (19) em Assunção, capital do
Paraguai, de acordo com a Polícia Federal (PF). Ele foi preso por
agentes ligados à Secretaria Nacional Antidrogas do governo paraguaio
com apoio da Polícia Federal brasileira.
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Segundo a PF, após o procedimento de deportação sumária, Abdelmassih
dará entrada no Brasil por Foz do Iguaçu (PR), cidade na fronteira com o
Paraguai, e depois será transferido para São Paulo.
O ex-médico era considerado um dos principais especialista em
reprodução humana no Brasil. Após sua condenação e fuga, passou a ser um
dos criminosos mais procurados pela Polícia Civil do estado de São
Paulo. A recompensa por informações sobre seu paradeiro era de R$ 10 mil
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo afirmou
que a prisão do ex-médico ”somente foi possível por informações obtidas
em investigações do Ministério Público do Estado (MPE) que contaram com a
colaboração da Polícia Civil do Estado de São Paulo”.
“As apurações incluíram o cumprimento de mandados de busca e apreensão
autorizados pela Justiça numa fazenda de propriedade do médico em Avaré,
em maio. Dos trabalhos, participaram promotores e policiais civis”,
acrescenta o comunicado.
Denúncias e condenação
Roger Abdelmassih foi acusado por 35 pacientes que disseram ter sido atacadas dentro da clínica que ele mantinha na Avenida Brasil, na região dos Jardins, área nobre da cidade de São Paulo. Ao todo, as vítimas acusaram o médico de ter cometido 56 estupros.
Roger Abdelmassih foi acusado por 35 pacientes que disseram ter sido atacadas dentro da clínica que ele mantinha na Avenida Brasil, na região dos Jardins, área nobre da cidade de São Paulo. Ao todo, as vítimas acusaram o médico de ter cometido 56 estupros.
As denúncias contra o médico começaram em 2008. Abdelmassih foi
indiciado em junho de 2009 por estupro e atentado violento ao pudor. Ele
chegou a ficar preso de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas
recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de responder o
processo em liberdade.
Ex-médico foi preso no Paraguai.
(Foto: Divulgação/Secretaria Nacional de
Antidrogas do Paraguai)
(Foto: Divulgação/Secretaria Nacional de
Antidrogas do Paraguai)
Em 23 de novembro de 2010, a Justiça o condenou a 278 anos de reclusão.
Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado porque um habeas
corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a ele o direito de
responder em liberdade.
O habeas corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando
ex-médico tentou renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade
de que ele tentaria sair do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele
deixou de se apresentar, passou a ser procurado pela polícia.
Em maio de 2011, Abdelmassih teve o registro de médico cassado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo.
Médico alegava inocência
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos". Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas - sem o marido ou a enfermeira presente.
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos". Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas - sem o marido ou a enfermeira presente.
Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação. De acordo com a
acusação, parte dos 8 mil bebês concebidos na clínica de fertilização
também não seriam filhos biológicos de quem fez o tratamento.