O ator Paulo Goulart
morreu em São Paulo, nesta quinta-feira (13), aos 81 anos. Ele estava
internado no hospital São José, na região central da cidade. Entre
agosto e outubro de 2012, o artista ficou internado devido a um câncer
na região entre os pulmões.
Ao longo de sua
carreira, iniciada quando ainda era adolescente, Goulart destacou-se por
seus trabalhos em novelas como “Plumas e paetês” (1980), “Roda de fogo”
(1986) e “O dono do mundo” (1991). Ele também participou de filmes como
“Rio zona norte” (1957), “O grande momento” (1958), “Gabriela, cravo e
canela” (1983) e “Para viver um grande amor” (1983).
Paulo Goulart nasceu em
Ribeirão Preto (SP) em 9 de janeiro de 1933 – seu nome de batismo é
Paulo Afonso Miessa; o Goulart ele tomou emprestado de um tio, o
radialista Airton Goulart, como aponta o perfil do ator no site Memória
Globo. O texto relembra ainda que seu primeiro emprego foi como DJ,
operador e locutor em uma rádio fundada por seu pai, em Olímpia, também
no interior paulista.
No entanto, antes de se
iniciar na carreira artística, o futuro ator estudou química industrial.
De acordo com ele próprio, a ideia era ter uma alternativa de emprego.
“Eu queria ter algum outro ofício, porque rádio, embora fosse uma grande
coqueluche, não era encarado como uma profissão”, cita o Memória Globo.
“Estavam fazendo teste para locutores na Rádio Tupi de São Paulo, e lá
fui eu. Mas não passei, fiquei em segundo lugar.”
O desempenho e falta de
conhecimentos técnicos do adolescente, contudo, não impediram a
contratação, que Goulart creditava à interferência do ator de rádio
Oduvaldo Vianna: “Foi a primeira pessoa que sacou esse meu talento, essa
coisa histriônica dos atores sem uma formação de escola”. Na época, ele
estava prestes a completar 18 anos de idade. “A televisão estava
começando, era 1951. Nós éramos contratados da rádio, e a TV Tupi era
sustentada pelo rádio. Então, tínhamos também a obrigação de fazer
televisão. O primeiro programa que eu fiz na TV foi com o Mazzaropi!”
Um ano depois, Paulo
Goulart conheceu a atriz Nicette Bruno e fez sua primeira peça teatral.
Eles se casaram em 26 de fevereiro de 1954 e tiveram três filhos, Beth
Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho – todos seguiram a carreira
dos pais. No cinema, ele estreou também em 1954, na comédia “Destino em
apuros”, de Ernesto Remani. Neste que é tido como o primeiro filme
colorido produzido no Brasil, Goulart contracenou com Paulo Autran,
Sérgio Britto, Ítalo Rossi e Inezita Barroso. Seu segundo trabalho no
cinema foi em “Rio, zona norte” (1957), de Nelson Pereira dos Santos.
Antes de estrear na TV
Globo, o que aconteceria em 1969, Paulo Goulart morou com a família por
um período no Paraná – onde trabalhou com teatro e TV – e passou pela TV
Excelsior. Entre o final da década de 1950 e o começo da de 1960,
prosseguiu atuando no cinema. Em 1958, esteve em nada menos que cinco
filmes. Já na Globo, seu primeiro papel veio em “A cabana do pai Tomás”,
que adaptava o livro homônimo escrito pela autora americana Harriet
Beecher Stowe (1811-1896).
No trabalho seguinte na
emissora, Goulart tomou parte numa história cujo tema ele próprio
considerava ousada. “Era uma temática bastante arrojada para a época:
uma mulher casada que deixou o marido para viver com outro homem”,
declarou, segundo o Memória Globo. A novela era “Verão vermelho” (1970),
de Dias Gomes, na qual interpretou uma das pontas de um triângulo
amoroso formado ainda por Dina Staft e Jardel Filho. Ele também
costumava destacar o pioneirismo da novela “Uma rosa com amor” (1972):
“Foi, talvez, a primeira novela de comédia”.
Depois disso, Goulart
fez novelas importantes na TV Tupi, caso de “Éramos seis” (1977),
inspirada na obra homônima, escrita por Maria José Dupré (1898-1984), e
“Gaivotas” (1979). No regresso à Globo, esteve em “Plumas e paetês”
(1980): “Foi fantástico! Aquele guarda italianão [Gino], que falava com
aquele sotaque, gostava de comida... Eu adoro! Foi um retorno
maravilhoso”.
Sobressaíram, na década
seguinte, suas participações nas novelas “Roda de fogo” (1986), “Fera
radical” (1988), protagonizada por Malu Mader e na qual o ator deu vida a
um cadeirante, o que rendeu uma comparação do ator com o seu próprio
jeito de ser. “Meu personagem vivia em cadeira de rodas, e eu sou uma
pessoa muito vigorosa na vida real. Nicette que o diga, coitada. De vez
em quando eu esbarro nas coisas e quebro tudo!”, brincou.
Nos anos 1990, Paulo
Goulart ficou especialmente marcado por interpretar personagens de
caráter duvidoso. Vieram, então, o bon vivant Altair de “O dono do
mundo” (1991), em que viveu o pai do protagonista (papel de Antonio
Fagundes), e o seu Donato da segunda versão de “Mulheres de areia”
(1993). Goulart chegou a comentar sobre a composição deste último:
“Donato era uma pessoa má por princípio, um assassino. Mas eu me agarrei
numa só coisa: um grande amor, ou melhor, a paixão por uma adolescente.
Então, em nome disso, ele cometia todas as atrocidades; e, quanto mais
apaixonado, pior ficava. Mas isso me abastecia como intérprete”.
Outros dois vilões de
Goulart foram o Farina de “Esperança” (2002) e o professor Heriberto de
“Duas caras” (2007). Entre uma novela e outra, houve tempo para um tipo
menos questionável: o fragilizado Mariano de “América” (2005), padrasto
da protagonista (papel de Deborah Secco).
Nos anos 2000, o ator
também se dedicou ao trabalho em minisséries, como “Aquarela do Brasil”
(2000), “Um só coração” (2004), “JK” (2006) e “Amazônia: de Galvez a
Chico Mendes” (2007). Antes, esteve em “Auto da compadecida” (1999).
Suas últimas novelas foram “Ti-ti-ti” (2010) e “Morde & Assopra”
(2011). Ao longo da carreira, Paulo Goulart atuou em trabalhas exibidas
por outras emissoras, como “As pupilas do senhor reitor” (1995), do SBT,
e “O campeão” (1996), da Bandeirantes. (Fonte: Rádio WEB Juazeiro)