Nós somos a sociedade, nós somos a
plateia, nós dizemos qual o espetáculo deve acabar e qual precisa continuar.
Se estamos aplaudindo coisas erradas, se
damos ibope a pessoas erradas, de que estamos reclamando,
afinal?
Somos nós que continuamos consumindo
notícias de bandidos presos e condenados.
Somos nós que consumimos notícias de
arruaceiros que ganham mesada para depredar o nosso
patrimônio.
Somos nós que damos trela para beijaços,
toplessaços, marcha de vadiaças, dos maconheiraços, dos super-heróis que batem
ponto em manifestações (e que gostam de cozinhar-se dentro de uma fantasia num
sol de 45 graus), e todos os tipos de histéricos performáticos que querem seus
15 minutos de fama.
Quando fazemos isso, estamos dando-lhes
valores que não têm. Estamos dando-lhes atenção. Estamos dedicando-lhes o
nosso precioso tempo.
Passou da hora de dar um basta
nisso!
Por que os nossos jornais estão
recheados de funkeiros, ao invés de medalhistas olímpicos do
conhecimento?
Por que se vendem mais jornal com
notícia de um funkeiro que largou a escola por já estar milionário, do que de
um aluno brilhante que supera até seus professores?
Por que sabemos os nomes dos BBBs, e não
sabemos os nomes dos nossos cientistas que palestraram no
TED?
Por que muitos não sabem nem o que é o
TED? Ou Campus Party?
Por que um evento histórico para o
Brasil, como o ingresso da primeira turma feminina da Escola Naval, não é
noticiado?
Por que um monte de alienadas, com
peitos de fora, merecem mais as manchetes do que as brilhantes alunas que
conquistaram as primeiras 12 vagas da mais antiga instituição de ensino
superior do Brasil?
Por que nós continuamos aplaudindo a
barbárie, se ainda temos valores?
O país não mudará se nós não mudarmos o
foco. Os políticos
não mudarão se nós não refletirmos a sociedade que
queremos!
Já passou da hora de nos
posicionarmos!
Ostracismo a quem não merece a nossa
atenção, e aplausos para quem faz por merecer.
Merecer! Precisamos devolver essa
palavra para o nosso dicionário cotidiano.
Meu coração, ao olhar essa foto hoje, se
divide em vários sentimentos distintos.
Muito orgulho de ser mulher e me ver
representada por essas guerreiras.
Elas não estão fazendo arruaça
pleiteando igualdade. Elas conquistaram a igualdade estudando e ralando
muito.
Elas tiveram que carregar na mão as suas
malas pesadas no dia que entraram na Escola Naval. Não puderam puxar na
rodinha, não! Tiveram que carregar na mão igual aos aspirantes masculinos.
Elas foram e
fizeram!
Mas, ao contrário das feministas de
toddynho, não estarão nas manchetes dos jornais de hoje. E isso me evoca
outros sentimentos. Sentimentos
de revolta, de vergonha e de constrangimento, frente a essas mulheres, que não
serão chamadas de heroínas por apresentadores de televisão. Mas estarão
dispostas a morrer como heroínas por nosso país.
Parabéns Primeira Turma Feminina da
Escola Naval de 2014!
Vocês são a dúzia que vale muito mais
que milhares!(Colaboração: Geraldo Francisco de Lima)