Os diversos oradores que na tarde noite desta quinta feira (06/12) se
pronunciaram no ato público pela liberação de acesso público à Ilha do
Fogo focaram principalmente na denúncia do suposto acordo firmado entre
CODEVASF e Corpo de Engenharia do Exército dos Estados Unidos.
Para eles a “militarização do São Francisco”, como disse o dirigente da
CPT - Comissão Pastoral da Terra, Roberto Malvezzi, depois de relatar
“manobras em Floresta, Itacuruba e Petrolândia” e a “instalação de bases
em vários pontos do rio”, obedece a “uma estratégia com fins
desconhecidos”, provavelmente ligados às usinas nucleares e exploração
de minérios radioativos.
Nesta mesma linha discursaram o dirigente dos Eletricitários, Gabriel
Arcanjo, o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro,
Agnaldo Meira e Ana, Presidente da Colônia de Pescadores, impedidos de
utilizarem a ilha.
Também Márcio Ângelo, representando o Deputado Yulo Oiticica, ao ler
uma declaração do deputado reiterou o repúdio da comunidade à ocupação,
noticiando a convocação da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia
Legislativa da Bahia para a realização de uma audiência pública em
Juazeiro, já que “o constrangimento a que estão submetidas às famílias
dos pescadores e o impedimento de livre acesso à ilha fere direitos
fundamentais da pessoa humana”.
Entre a poesia de repentista, como Valdir Leme, para quem a ilha “é a
princesa que desfila no palco da natureza” e o duro discurso de cobrança
por presença e mobilização do vereador José Carlos Medeiros; o
representante do prefeito Isaac Carvalho, que endossou a luta, Paulo
César de Andrade Carvalho anunciou boas novas: “O prefeito Isaac está
buscando de todas as formas, políticas e meios judiciais, para que a
ilha retorne ao povo de Juazeiro e Petrolina. Amanhã, no encontro
programado com o Governador Wagner, leva a reivindicação do coletivo da
ilha e também está buscando caminhos dentro da lei para retomar a ilha”.
“A ilha é do povo e deve voltar ao povo. Este é o recado do prefeito
Isaac” – disse Paulo César.
O ato estendeu-se até depois das dezenove horas, com música, poesia,
repente, queima de bandeiras dos Estados Unidos e muito protesto por
parte dos participantes. (Por Manoel Leão)