Para o criador do moderno sistema antissensorial da política brasileira – não sei, não ouvi, não vi, não conheço-,
Luiz Inácio Lula da Silva, deve ficar bem difícil ver a sua criação,
Dilma Rousseff tendo a coragem de dispensar , um após outro, os
apontados como corruptos no governo.
Lula foi, realmente, importante para as mudanças sociais no país
terem acontecido,no entanto, os acontecimentos mostram que Dilma tem
sido muito mais ‘homem’ que ele , quando a questão é não passar a mão na
cabeça de corruptos.
Assim, a ex-excelência tem sido confrontado, por onde anda, com os
escândalos sucessivos de figuras ligadas aos seus 8 anos de governo.
De passagem por Berlim, na Alemanha, Lula foi alcançado por
microfones. Foi questionado sobre um tema incontornável, a Operação
Porto Seguro, cujo cais funcionava na sala ao lado do seu gabinete na
sucursal da Presidência em São Paulo.
Após duas semanas de ruidoso silêncio, o ex-chefe de Rosemary
permitiu-se balbuciar o seguinte comentário: “Eu não fiquei surpreso.” E
mais não disse.
Natural que Lula não tenha ficado surpreso. Surpreender-se, estranhar, é começar a entender.
Algo que não orna com sua presidência cega. Para um par de pupilas
bem abertas, uma assessora mequetrefe que conseguisse acomodar
protegidos e familiares em altos postos da República causaria enorme
estranheza. Mas Lula, como se sabe, tem visão seletiva. Como pode
surpreender-se se não vê nada, se nunca sabe de coisa nenhuma?
E nessa esfera do oficial, ainda há o escuso do particular quando
Lula tem que provar a Dona Marisa que, da tal Rosemary nunca viu nada
também. É possível que, neste ãmbito mais íntimo, o ex-presidente tenha,
de fato, mais medo de enfrentar a acusação.