O juiz Vitor Manoel Bizerra se defendeu nesta terça-feira (6), na
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, e disse
que a imprensa criou uma "história fictícia" em relação à suposta adoção
de cinco irmãos na cidade de Monte Santo, no nordeste baiano. Segundo a
denúncia que chegou à CPI da Câmara dos Deputados, as crianças foram
adotadas no ano passado em processo sumário, em 24 horas, sem chance de
defesa dos pais. O juiz esclareceu que não autorizou a adoção e sim a
guarda provisória, que pode ser revogada a qualquer momento. Ele
explicou também que o processo correu por mais de um ano sem que os pais
e nenhum outro membro da família mostrasse interesse em ficar com as
crianças, que estavam "abandonadas à própria sorte, umas cuidando das
outras". Segundo a Agência Câmara de Notícias, Vitor Bizerra leu ainda
trecho de depoimentos de um conselheiro tutelar e de um oficial de
justiça segundo os quais os pais das crianças eram alcoólatras. Os
relatos contidos no processo atestam também que a mãe era usuária de
drogas e se prostituía, além de admitir que mantinha relações sexuais
com o marido na frente dos filhos. De acordo com o juiz, o próprio
Gerôncio Souza, que é pai de duas das cinco crianças, procurou o
Conselho Tutelar para denunciar a mulher, Silvânia da Silva, por
abandono dos filhos. Silvânia, por sua vez, disse ao conselho que o
marido bebia muito e batia nela quando chegava em casa. A CPI ouviu
Silvânia em audiência na semana passada e, na ocasião, ela contou que,
em nenhum momento, foi ouvida, nem recebeu explicações sobre o processo.