A atuação desses artistas de rua, de palanque, até que melhorou
bastante nos últimos anos. Vimos, por exemplo, em eleições passadas,
cartazes colados em madeiras, estruturas metálicas, adesivos em carros,
grandes bandeiras, lençóis coloridos, e até portadores de tabuletas em
faixas de pedestres, e ainda uma multidão, não sei se forjada, em cada
caminhada, que para todos os postulantes e simpatizantes, era a da
vitória!
E o fato se repete. Será que conseguimos enxergar a maturidade desses
homens públicos tão desejáveis num período de festa e democracia
popular, onde espectadores e atuantes misturam-se, abraçam-se, trocam
beijos, carinhos, e uma esperança no olhar de cada cidadão e cidadã, que
procuram alento não numa pessoa só, mas num nome, que acreditam ser a
redenção política de um estado ou nação?
Mas nem tudo é belo. Nem todos são educados o suficiente para entender
que o eleitor é gente. Muitos agridem e subestimam a inteligência do
povo, invadindo a privacidade das famílias, e fazendo as mesmas
engolirem seus santinhos, adesivos, cartazes, e toda forma de propaganda
forçosa à revelia dos que votam ou não em determinados candidatos.
De atentados e privações
Você está em sua casa, no seu reduto de descanso, depois de um dia
cansativo de trabalho, e aquela reforma que você fez no mês passado em
sua porta, em sua janela, na fachada de sua residência, aquela pintura,
aquele reparo numa parede rachada; tudo isso, com esmero e dedicação, e
você, num período eleitoral, que não faz parte do processo político, nem
é político, nem militante, se vê agredido quando ufanistas de um
candidato qualquer colam adesivos, cartazes, em suas portas, janelas e
paredes, sem ao menos lhe consultar, sem lhe pedir permissão, e muitas
vezes você nem está em sua residência, e ao chegar se depara com aquela
“cena grotesca” que você não quer, mas é obrigado a querer, e não
querendo, é obrigado a estragar o seu patrimônio, que levou dias ou
meses para ser concertado, ou seja, uma pintura nova, um reboco, uma
restauração, e por conta de um desavisado e mal educado, seus dias de
trabalho, à custa do seu próprio suor, são jogados fora, e sem nenhuma
explicação.
O eleitor não é somente “portador de voto”, ele também é leitor. Ele
faz a leitura de seus candidatos, e procura enxergar além das
aparências. A campanha eleitoral passa, os candidatos passam, e a cidade
fica, e o povo fica, e a multidão também fica parasita e só! Nas
esquinas, nos becos, nas avenidas, ficam as sombras, as sobras e a
solidão, daquelas duras caminhadas, sofríveis e aclamáveis que fizeram
esgotar até a última esperança, do último candidato e candidata,
erguidos pela força e fé de um povo alegre, destemido, e que ainda
acredita na mola propulsora da transformação, chamada DEMOCRACIA!
Portanto pense nisso, faça uma reflexão. A mudança começa quando a
consciência trabalha, e voto à gente muda até no último instante.
Corrija suas atitudes e confirme, entre elas, a que menos lhe agrida.
* jornalista e escritor – saulooak@gmail.com