Ao propor no Supremo Tribunal Federal (STF) o desmembramento do processo do mensalão, o advogado Márcio Thomaz Bastos tentou, na verdade, ganhar tempo para evitar no mínimo um voto certo pela condenação dos réus: o do ministro Cezar Peluso, que se aposentará compulsoriamente no dia 3 de setembro. A avaliação da atitude de Bastos foi feita por colegas do advogado. De acordo com eles, o objetivo central é levar o julgamento pelo menos até o dia 7 de outubro para minimizar o dano que eventuais condenações possam trazer ao PT. Segundo tal interpretação, portanto, a derrota de Bastos ao ter negada a divisão do processo, por 9 votos contra 2, pode não se revelar tão catastrófica, como pareceu à primeira vista. “Não houve derrota. Ele não perdeu a bala de prata. Era uma questão preliminar, estritamente processual”, afirmou à Folha Alberto Toron, um ex-discípulo de Bastos que atualmente defende o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) no processo do mensalão. “Ele [Bastos] é um estrategista extraordinário e usa todas as possibilidades e brechas da lei. Isso é legítimo”, apontou o criminalista Roberto Telhada.