Ministro Luís Roberto Barroso autorizou quebra de sigilo em inquérito que investiga Temer, diz PGR
O Globo – André de Souza
A
Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que o ministro Luís
Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou em dezembro
do ano passado alguns pedidos de quebra de sigilo no âmbito do inquérito
que investiga o presidente Michel Temer. Mas não especificou quem são
as pessoas e empresas atingidas pela decisão. Além de Temer, há outros
três investigados por supostas irregularidades no decreto presidencial
dos portos. O presidente, que nega as acusações, é suspeito de ter
beneficiado a Rodrimar, que opera no porto de Santos.
As informações da PGR vêm depois que o
GLOBO revelou, na última sexta-feira, relatório do delegado Cleyber
Malta Lopes, responsável pela apuração do caso na Polícia Federal (PF).
Ele reclamou da demora da PGR em proceder na quebra dos sigilos fiscal,
bancário e telefônico de Temer. Além do presidente, são investigados
Rodrigo Rocha Loures, que foi assessor de Temer e despachava no Palácio
do Planalto, e os executivos Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado
Mesquita, da Rodrimar.
Neste domingo, Barroso entrou em contato
com Cleyber Lopes. Em breve despacho, ele afirmou que o delegado
relatou pendências, mas o ministro não entrou em maiores detalhes. Disse
ainda que Cleyber assegurou não ter divulgado nenhuma informação
sigilosa.
Em depoimento à Polícia Federal no dia
16 de fevereiro, Ricardo Saud, executivo do grupo J&F, afirmou que
Temer atuou para favorecer os interesses do grupo no Porto de Santos.
Segundo o colaborador, os dois se reuniram na Vice-Presidência. O
executivo teria falado com o presidente sobre as dificuldades que a
J&F estava encontrando para concluir as obras em uma área comprada
da empresa Rodrimar para escoar a produção da Eldorado Celulose. A obra
havia sido embargada pela Companhia Docas do Estado de São Paulo
(Codesp), responsável pelo Porto de Santos. Ele relatou que Temer teria
tomado nota das informações. Poucos dias depois, Ricardo Saud foi
comunicado por um diretor da Eldorado de que a obra havia sido liberada.