Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias
Os olhos da política na Bahia se voltam agora para outra
decisão no âmbito federal que terá reflexos na cena local. E, dessa vez,
não se trata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As atenções
migram – ou deveriam migrar – para o Conselho de Ética da Câmara dos
Deputados, onde deve ser apreciado nesta terça-feira (27) o pedido de
abertura do processo de cassação do deputado federal Lúcio Vieira Lima
(PMDB-BA). Inserido na cena dantesca das malas com R$ 51 milhões, o
peemedebista tenta sobreviver ao tsunami que levou o irmão dele, Geddel
Vieira Lima, ao presídio da Papuda. Para efeitos públicos, Lúcio não
mudou. Continua com a língua afiada e voltou a ser ativo nas redes
sociais. Os aliados, no entanto, já não estão mais tão próximos como
quando os irmãos Vieira Lima controlavam o PMDB na Bahia. Sabe-se que há
um risco iminente de debandada de lideranças do partido, e dentro e
fora do núcleo peemedebista na Bahia existem grupos que torcem para que
ele seja cassado pela Câmara dos Deputados. Para Lúcio, seria um
problema de ordem jurídica, já que perderia o foro privilegiado, e
eleitoral, pois estaria sem direitos políticos por oito anos caso se
confirme o afastamento das atividades parlamentares. Para os antigos
aliados – na ausência de uma nomenclatura melhor -, seria um alívio, já
que o bônus de ter o PMDB ao lado é menor do que o ônus da imagem do
bunker milionário associado aos irmãos. Na lista daqueles que aguardam o
desfecho da cassação para definir rumos políticos não estão apenas os
deputados estaduais que já manifestaram interesse em abandonar o barco. O
prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), é uma das figuras de fora da
legenda que aguarda o futuro de Lúcio para escolher qual tratamento
adotar com o PMDB: se o mantém como aliado para as eleições de outubro
ou se isola a sigla para evitar que os respingos das milhares de cédulas
recaiam sobre a campanha eleitoral do grupo político liderado por ele. O
futuro de Lúcio é mais uma peça no quebra-cabeça que se tornou a
eleição de 2018.