Na semana que vem
O Estado de S. Paulo
Por Vera Magalhães
Fortalecido
com a apertada decisão do Supremo Tribunal Federal segundo a qual
medidas cautelares determinadas contra parlamentares têm de ser
submetidas ao crivo do Legislativo, o Senado quer evitar, na semana que
vem, confrontar o Judiciário ou transformar a sessão que discutirá o
afastamento de Aécio Neves em um ato de desagravo ao tucano mineiro.
A
ordem nos principais partidos da base do governo, inclusive na ala do
PSDB que tenta se descolar de Aécio, é que a Casa se limite a analisar o
caso de Aécio à luz do entendimento firmado ontem, sem entrar em
considerações em temas que o mineiro gostaria de ver tratados, como a
tese de que teria sido “condenado previamente” pela Primeira Turma do
STF.
Os
líderes do Senado entendem que o STF encarou uma boa dose de desgaste
ontem para evitar uma crise institucional. Principalmente a presidente
da corte, Cármen Lúcia, que deixou claro que concordava no mérito com o
cerne do voto do relator, Edson Fachin, mas votou da forma que causaria
menor estrago institucional.
O
presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), deve negociar com as
bancadas para que a Casa “retribua” a preocupação e faça uma sessão o
mais curta e sem adjetivações possível.
É
claro que é praticamente impossível assegurar isso num colegiado com
personalidades e forças políticas tão diversas, mas o desejo da cúpula
política é deixar eventuais excessos para as “figuras de sempre”.
Contribui
para essa tentativa de comedimento o fato de que, em maior ou menor
escala, todos os principais partidos têm expoentes de peso “pendurados”
no STF em inquéritos, denúncias ou ações penais no âmbito da Lava Jato
ou de outras investigações.
Neste
caso, não interessa a ninguém tripudiar sobre as divisões internas e os
recuos do STF, embora nos bastidores haja, sim, um clima de comemoração
pluripartidário pelo “reempoderamento” dos políticos a partir de
decisões como as de ontem.