Para
a PF, os executivos supostamente usaram tais informações que para
lucrar sobre os impactos do noticiário sobre a Bolsa de Valores e o
câmbio
ÉPOCA Luiz Vassallo, do Estadão Conteúdo
Relatório da Polícia Federal que embasou denúncia contra Joesley e Wesley por
uso de suas delações premiadas para obter vantagens indevidas no
mercado financeiro detalha como os executivos supostamente usaram
informações que “abalaram o Brasil” para lucrar sobre os impactos do
noticiário sobre a Bolsa de Valores e o câmbio.
Os
procuradores da República Thaméa Danelon e Thiago Lacerda Nobre, do
Ministério Público Federal, em São Paulo, denunciaram à 6 Vara Federal
os irmãos Joesley e Wesley Batista, na Operação Acerto de Contas,
desdobramento da Tendão de Aquiles, por uso de informação privilegiada e
manipulação do mercado.
Joesley
Batista está preso desde 10 de setembro, por ordem do ministro do
Supremo Edson Fachin, em razão do descumprimento do acordo de delação.
Três dias depois, Wesley foi encarcerado na Acerto de Contas, pela
prática de insider trading.
Para
o Ministério Público Federal, em São Paulo, os irmãos “minimizaram
prejuízos mediante a compra e venda de ações e lucraram comprando
dólares c base em informações que dispunham sobre o acordo de delação
premiada que haviam negociado com a Procuradoria-Geral da República”.
Um
dos documentos que embasaram a denúncia contra os executivos foi o
Relatório da Polícia Federal que atribuiu a ambos o uso da delação para
vantagens indevidas no mercado Financeiro.
No
capítulo em que detalha o contexto da colaboração premiada, o delegado
da PF em São Paulo, que subscreve o documento, Edson Garutti, afirma
que, após iniciar as tratativas para delação, no início de março de
2017, o empresário Joesley Batista gravações que “abalaram o Brasil”.
As
gravações às quais a PF se refere são aquelas que, aliadas às ações
controladas da PF, embasaram a deflagração da Operação Patmos, no dia 18
de maio.
Naquela
data, foram presos o primo do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), a
irmã do tucano, Andrea Neves e foi negada a solicitação de
encarceramento do próprio parlamentar.
As
investigações que se tornaram públicas naquele dia também revelaram um
áudio gravado por Joesley Batista no Palácio do Jaburu em que o
executivo relatava supostos crimes como a compra do silêncio de Eduardo
Cunha e o pagamento de um mensalinho a um integrante da força-tarefa da
Operação Greenfield.
Naquele dia, o dólar teve forte alta e o índice Bovespa caiu.
A
PF destaca que os delatores sabiam de que “o conteúdo deste
procedimento legal ganharia publicidade e, no dia em que isso
acontecesse, geraria forte impacto no mercado de capitais”.
Defesas
J&F
“A
JBS informa que não teve acesso ao relatório da PF e reitera que as
operações de recompra de ações e derivativos cambiais em questão foram
realizadas de acordo com perfil e histórico da Companhia que envolvem
operações dessa natureza. Tais movimentações estão alinhadas à política
de gestão de riscos e proteção financeira e seguem as leis que
regulamentam tais transações.
Conforme demonstra estudo da Fipecafi sobre o tema:
havia subsídios econômicos para a estratégia de derivativos cambiais adotados pela companhia;
operações com derivativos fazem parte da rotina operacional da empresa;
as
recompras efetuadas pela JBS em 2017 são normais quando comparadas às
do período imediatamente anterior; ação da JBS estava ‘barata’ e não há
evidências de que o preço se comportou de forma distinta nos dias de
recompra pela empresa.”
O
advogado Pierpaolo Bottini, que defende os irmãos Batista, disse que
ainda não teve acesso ao relatório final da Operação Acerto de Contas. O
espaço está aberto para a manifestação.