Folha de S.Paulo – Renan Marra
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado (21) que irá
doar ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) imóveis alvos de
investigação na Lava Jato, caso seja provado que pertencem a ele. Lula
se referia ao tríplex em Guarujá, o apartamento vizinho ao dele em São
Bernardo do Campo e o sítio em Atibaia —todos no Estado de São Paulo.
Ao lado do coordenador do movimento, Guilherme Boulos, Lula discursou na invasão Povo Sem Medo, em São Bernardo. O local abriga aproximadamente 8.000 famílias e é a segunda maior ocupação do Brasil, segundo a organização.
"Queria
fazer uma proposta para vocês. Se os imóveis forem meus, estejam
preparados para ganharem dois apartamentos e uma chácara", disse Lula.
O
petista foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de
lavagem de dinheiro e corrupção no caso do tríplex. Ele é réu na ação
que investiga a reforma no sítio, que era frequentado por Lula e seus familiares, pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, e na que apura a compra de um terreno para o Instituto Lula pela Odebrecht. Esse último caso inclui a investigação sobre o aluguel de um apartamento em São Bernardo.
Segundo Lula, ele foi vítima de abusos das autoridades.
"Entraram na minha casa, não encontraram nada e nem pediram desculpas", disse.
Para
Lula, o Brasil passa pela pior crise econômica da história por causa do
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. "Quantas pessoas aqui
perderam os seus empregos neste ano?", perguntou.
Ele
afirmou que, assim como aconteceu com Dilma, os golpes na história do
Brasil foram realizados em um momento de ascensão social. "Foi assim com
Getúlio, Jango e com Dilma", disse.
Durante
o tempo em que esteve no acampamento, o ex-presidente foi ovacionado
pelos militantes, que pediram a volta de Lula à Presidência, e gritou
palavras de ordem contra o presidente Michel Temer.
Em
um dos momentos em que o público gritava "Volta, Lula", a reportagem
viu organizadores do MTST pedindo para que as pessoas falassem cantos do
movimento.