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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em
entrevista ao jornal espanhol El Mundo, que vai propor um referendo
revogatório de "muitas das medidas aprovadas" pelo governo de Michel
Temer (PMDB), como uma proposta para recuperar o País caso seja eleito
presidente em 2018. "É criminoso ter uma lei que limite durante 20 anos o
investimento do Estado. No Brasil, ainda faltam coisas básicas, como
saneamento, tratamento de água, casas", disse. Questionado sobre a boa
repercussão no mercado do governo Michel Temer, Lula disse que isso é
claro, uma vez que querem privatizar o País. Na entrevista, ele disse
que quer voltar a ser presidente para mostrar ao mundo que o País pode
funcionar. "Não há ninguém que saiba governar o povo mais necessitado
como eu faço", afirmou. O ex-presidente creditou a crise vivida no País à
perda de credibilidade, algo que, segundo ele, foi efeito das
manifestações iniciadas em junho de 2013. Lula também reconheceu que
houve erros no mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o
primeiro deles foi o "exagero" nas políticas de desoneração de grandes
empresas e, o segundo, foi o anúncio do ajuste fiscal. Mas negou que
tenha se arrependido de não ter concorrido nas eleições presidenciais de
2014. Ele ainda comparou o ano de 2015 com o de 1999, quando quem
governava era o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tinha baixa
popularidade e também enfrentava problemas econômicos. "Mas, nessa
ocasião, o presidente da Câmara era Michel Temer e ele o ajudou a
governar. Nós tínhamos Eduardo Cunha, que rejeitou cada reforma que
Dilma propunha. Foi quem levou o impeachment ilegítimo à frente",
analisou. Condenado em primeira instância no caso do tríplex do Guarujá,
Lula voltou a criticar a Polícia Federal e o Ministério Público,
dizendo que não encontraram prova contra ele e que a sentença do juiz
Sergio Moro é "política". "Se acreditavam que uma condenação iria fazer
eu desistir de ser candidato, conseguiram o efeito
contrário". Perguntado se o PT tem outras opções caso ele não possa
concorrer por causa de uma eventual condenação em segunda instância, ele
respondeu que espera poder concorrer, mas disse que ninguém é
imprescindível. "Há milhares de Lulas", pontuou.