O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta
quinta-feira (7) acreditar que, após ouvir os novos depoimentos dos
delatores da JBS ainda hoje, a Procuradoria-Geral da República (PGR) vai
tomar uma decisão dura. "Acho que a decisão do que aconteceu esta
semana, ela vai aprofundando as investigações, vai esclarecendo algumas
polêmicas nos próximos dias em relação à delação da JBS. Mas acho que a
procuradoria vai tomar a decisão correta. A procuradoria tem tomado
decisões duras e não tenho dúvida nenhuma que, nesse caso específico,
não tenho dúvida que, depois de ouvir os delatores hoje e o
ex-procurador amanhã, vai tomar decisão dura como tomou em outros
casos", afirmou Maia, após assistir ao desfile de 7 de setembro, em
Brasília. Maia estava se referindo aos novos áudios que foram revelados
em que o executivo Joesley Batista fala sobre uma suposta orientação do
ex-procurador Marcelo Miller aos delatores para fechar o acordo com a
PGR. Joesley, o diretor da empresa Ricardo Saud e o advogado Francisco
Assis estão hoje na sede da PGR prestando depoimento, para esclarecer o
teor desses áudios. Amanhã, a PGR vai ouvir o ex-procurador Marcelo
Miller. Questionado se o clima político no País tinha melhorado, após a
revelação dessa gravação, que pode causar a revisão do acordo de delação
da JBS, Maia disse que, no Brasil, os fatos têm ocorrido de uma forma
muito rápida. Na segunda-feira, lembrou Maia, um pouco antes da coletiva
do procurador-geral da República, se discutia como ia ser a segunda
denúncia da PGR contra o presidente Temer. Em seguida, após a coletiva, o
cenário mudou. "Tivemos aquela coletiva que mudou tudo, mudou tudo não,
mas pelo menos gerou muita perplexidade em todos. Na terça, o episódio
da Bahia (numa referência aos R$ 51 milhões encontrados pela Polícia
Federal); na quarta, o depoimento do Palocci (ex-ministro Antonio
Palocci). Então, o Brasil é o que eu tenho dito às pessoas quando me
perguntam o que estou achando da eleição de 2018: se só em uma semana
foram tantos fatos, 2018 ainda faltam 100 anos para chegar",
afirmou. Maia foi ainda questionado sobre se a segunda denúncia contra o
presidente Temer já chegaráà Câmara com descrédito. "Nenhuma decisão da
PGR tem descrédito. Pode ser aceita ou não como a primeira, mas nenhuma
tem descrédito. Nós respeitamos os poderes, o STF, o Poder Executivo,
respeitamos a PGR e o Ministério Público. Nada tem descrédito", afirmou o
presidente da Câmara, lembrando, no entanto que os deputados têm a
soberania de decidir se aceitam ou não por maioria. "Agora, os deputados
podem ter convencimento ou não de que há condições, há necessidade
nesse momento ou não de aceitar a denúncia."