Analistas avaliam que depoimento de Palocci compromete imagem de petista
Marianna Holanda, O Estado de S.Paulo
O
depoimento prestado nesta semana pelo ex-ministro Antonio Palocci, no
qual ele atribui ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o
protagonismo no esquema de corrupção na Petrobrás, deixa em aberto a
tentativa do petista de se viabilizar como candidato à Presidência da
República em 2018, segundo analistas consultados pelo Estado. A
avaliação é de que, ainda que Palocci tenha de comprovar o que disse ao
juiz Sérgio Moro, suas afirmações são fortes e podem comprometer ainda
mais a imagem de Lula.
O
professor emérito de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) Ruy
Fausto disse que o depoimento “enfraquece ainda mais a posição de Lula”.
“Creio que, agora, a direção do PT no fundo se empenhará principalmente
em evitar que ele seja preso”, afirmou.
Para
Fausto, se por um lado a fala de Palocci mostrou “o violento processo
de corrupção que atingiu o poder petista”, por outro, “é evidente que
Palocci está numa situação desesperada e, para se safar, dirá o que
aconteceu e também o que não aconteceu. Assim, é preciso ter alguma
cautela”, afirmou.
Marianna Holanda, O Estado de S.Paulo
09 Setembro 2017 | 03h00
Planos de Lula para 2018 ficam em aberto
Pré-campanha. Lula encerrou a caravana na última quinta-feira, após três semanas visitando cidades no Nordeste NILTON FUKUDA/ESTAD?O Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO
O depoimento prestado nesta semana pelo ex-ministro Antonio Palocci, no qual ele atribui ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o protagonismo no esquema de corrupção na Petrobrás, deixa em aberto a tentativa do petista de se viabilizar como candidato à Presidência da República em 2018, segundo analistas consultados pelo Estado. A avaliação é de que, ainda que Palocci tenha de comprovar o que disse ao juiz Sérgio Moro, suas afirmações são fortes e podem comprometer ainda mais a imagem de Lula.
09 Setembro 2017 | 03h00
Planos de Lula para 2018 ficam em aberto
Pré-campanha. Lula encerrou a caravana na última quinta-feira, após três semanas visitando cidades no Nordeste NILTON FUKUDA/ESTAD?O Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO
O depoimento prestado nesta semana pelo ex-ministro Antonio Palocci, no qual ele atribui ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o protagonismo no esquema de corrupção na Petrobrás, deixa em aberto a tentativa do petista de se viabilizar como candidato à Presidência da República em 2018, segundo analistas consultados pelo Estado. A avaliação é de que, ainda que Palocci tenha de comprovar o que disse ao juiz Sérgio Moro, suas afirmações são fortes e podem comprometer ainda mais a imagem de Lula.
O
professor emérito de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) Ruy
Fausto disse que o depoimento “enfraquece ainda mais a posição de Lula”.
“Creio que, agora, a direção do PT no fundo se empenhará principalmente
em evitar que ele seja preso”, afirmou.
Para
Fausto, se por um lado a fala de Palocci mostrou “o violento processo
de corrupção que atingiu o poder petista”, por outro, “é evidente que
Palocci está numa situação desesperada e, para se safar, dirá o que
aconteceu e também o que não aconteceu. Assim, é preciso ter alguma
cautela”, afirmou.
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A avaliação do cientista político e consultor da Arko Advice, Murillo Aragão, é de que o depoimento foi “trágico para o PT e para o Lula”. “Em poucas palavras, relevou a extensão da tragédia política do País. Então, é seriíssimo o que ele (Palocci) disse e não há porque não acreditar nele”, afirmou. Palocci foi ministro da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil durante parte do mandato de Dilma Rousseff.
Além
do depoimento de Palocci, Lula teve outro revés nesta semana. Ele foi
denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao lado da
presidente cassada Dilma Rousseff e outros petistas, sob acusação de
formar uma organização criminosa. Se o Supremo Tribunal Federal aceitar a
denúncia, será o sexto processo do ex-presidente na condição de réu.
Aragão
considerou que a candidatura de Lula está prejudicada, mas, ainda
assim, ponderou que Palocci estava sob a pressão de estar preso há quase
um ano. “É evidente que uma pessoa presa há muito tempo termina
pressionada a adotar posturas que deem fim à sua agonia.” Segundo ele, o
ex-ministro deverá provar, de alguma forma, as afirmações que fez a
Moro, entre elas a da existência de um “pacto de sangue” entre Lula e a
Odebrecht. “Ele não pode apenas acusar sem ter a mínima condição de
provar.”
Cautela.
Para a professora de filosofia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) Tatiana Roque, “antes de tudo, tem de ter cautela e
esperar as provas”. Ela lembrou de outros delatores, como o empreiteiro
Léo Pinheiro, da OAS, que voltaram atrás no que disseram sobre Lula.
“Mais importante é: qualquer decisão que inviabilize uma candidatura com
a popularidade, o porcentual de votos que Lula tem, deve ser
extremamente rigorosa e não deixar nenhuma margem de dúvida em termos de
provas.”
Em
depoimento à Justiça Federa neste ano, porém, Léo Pinheiro disse que o
triplex no Guarujá foi oferecido pela OAS a Lula e apresentou registros
de encontros com o petista. Em um deles, segundo o empreiteiro, o
ex-presidente o teria orientado a destruir provas.
Para
o professor de História Contemporânea da USP Everaldo Almeida, Palocci
“está dizendo, de certa forma, tudo o que querem que ele diga”. “Ele
está sob uma gigantesca pressão, é uma pessoa muita inteligente e sabe
exatamente o que falar para conseguir algum tipo de benefício com a
delação dele”, disse.
Almeida
lembrou que Palocci era figura das mais importantes do PT, mas defendeu
posições que contrariavam setores do partido – ainda que as posições de
Palocci sempre estivessem alinhadas com as de Lula, a quem era
subordinado, e tivessem sido avalizadas pelo então presidente.
Justiça confirma depoimento de petista na quarta
A Justiça Federal negou recurso da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manteve para a quarta-feira, em Curitiba, o depoimento do petista ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância. O interrogatório será no âmbito da ação em que Lula é réu por suposto recebimento de propinas da Odebrecht. A defesa pedia o adiamento até que fossem juntados nos autos elementos sobre os sistemas My Web Day e Drousys, usados para a distribuição de propinas, segundo investigadores.
A Justiça Federal negou recurso da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manteve para a quarta-feira, em Curitiba, o depoimento do petista ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância. O interrogatório será no âmbito da ação em que Lula é réu por suposto recebimento de propinas da Odebrecht. A defesa pedia o adiamento até que fossem juntados nos autos elementos sobre os sistemas My Web Day e Drousys, usados para a distribuição de propinas, segundo investigadores.
Os
dados sobre o sistema My Web Day estavam na Suíça e foram enviados pela
Odebrecht ao Ministério Público Federal em agosto. O relator do
processo, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, disse que o
pedido não tem previsão legal.
Na
quarta, será a segunda vez que Lula ficará diante do juiz Sérgio Moro. A
primeira foi em maio, na ação referente ao triplex do Guarujá. A
militância petista já organiza atos em Curitiba como os do primeiro
depoimento. / JULIA AFFONSO E LUIZ VASSALLO