Dados
da pesquisa mensal de credibilidade do Ipsos foram colhidos entre os
dias 1º e 14 de setembro e comparados com o mês anterior.
O Estado de S.Paulo -
Por Adriana Ferraz e Gilberto Amendola
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve seu índice de desaprovação
reduzido e sua taxa de aprovação ampliada em setembro na comparação com
o mês anterior, segundo o mais recente Barômetro Político, pesquisa
mensal de credibilidade realizada pelo instituto Ipsos. O porcentual da
população que não concorda com a atuação de Lula caiu de 66% para 59%,
enquanto a parcela da sociedade que o aprova subiu de 32% para 40%, a
maior em dois anos de levantamento – apenas 1% não soube opinar.
Ao
mesmo tempo, o juiz federal Sérgio Moro, que condenou Lula e é símbolo
da Lava Jato, alcançou uma taxa de desaprovação de 45%, recorde desde
setembro de 2015. As impressões da população sobre Lula, Moro e demais
personalidades foram colhidas entre os dias 1.º e 14 deste mês, ou seja,
antes e depois do depoimento de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda
de Lula e da Casa Civil de Dilma Rousseff.
No
dia 6, o petista afirmou a Moro que o ex-presidente tinha um “pacto de
sangue” com a Odebrecht por propinas e que a empresa colocou à
disposição do PT, no fim de seu mandato, um total de R$ 300 milhões.
Entre agosto e setembro, Lula foi o presidenciável com a maior taxa de
aprovação, perdendo apenas para Moro e o apresentador de TV Luciano Huck
– os dois negam interesse em disputar o cargo.
O
deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato à sucessão de Michel
Temer, soma dois revés no Barômetro Político deste mês: o total de
entrevistados que o rejeita subiu de 56% para 63% (a pior taxa em dois
anos) e a parcela que aprova sua atuação caiu de 21% para 19%, ainda que
dentro da margem de erro de três pontos porcentuais para mais ou para
menos.
Para
Danilo Cersosimo, um dos responsáveis pela pesquisa Ipsos, o
levantamento atual não colocou Bolsonaro consolidado em segundo lugar na
preferência do eleitorado, mas mostrou que Lula alcançou talvez seu
maior patamar. “Dificilmente ele passará disso. A rejeição a seu nome é
ainda muito grande, difícil de reverter”, avalia.
Na
mesma linha, o cientista político Carlos Melo, professor do Insper,
afirmou que os grupos que aprovam e desaprovam o ex-presidente têm
similaridades entre si. “Eles não mudam suas opiniões, a posição desses
grupos não está conectada com os fatos. Não há como reverter isso. Lula
tem um piso do qual ele não passa. Assim como, podemos dizer que ele tem
um teto que não passará também. Nesse sentido, Lula é um candidato
forte de primeiro turno, tem capacidade para fazer uma grande bancada na
Câmara. Agora, isso também indica que ele deve enfrentar sérias
dificuldades para vencer uma eleição de segundo turno”, analisa Melo.
Segundo
o também cientista político Cláudio Couto, da FGV-SP, o embate entre
Lula e Moro parece estar criando uma vitimização do ex-presidente. “Além
disso, a aprovação de Lula surfa na desaprovação do governo Temer”,
afirmou Couto. A desaprovação a Temer alcançou 94%.
Tucanos.
Entre os tucanos, o prefeito da capital paulista, João Doria, ainda é o
que tem os melhores índices, apesar de sua credibilidade com a
população estar caindo. “É a prova de como a imagem se desgasta
rapidamente diante de altas demandas por serviços públicos de qualidade
aliada a uma expectativa não correspondida da população”, afirma
Cersosimo.
No
último mês, quando intensificou sua agenda de viagens pelo Brasil com
foco na corrida presidencial, Doria viu sua taxa de reprovação passar de
52% para 58% (um ponto abaixo de Lula) e sua aprovação cair de 19% para
16% – menos da metade de Lula e só três pontos acima do índice positivo
do governador Geraldo Alckmin, com quem disputa a indicação do PSDB
para a eleição de 2018. Os números do governador paulista oscilaram para
baixo no mês passado, dentro da margem de erro. Seu índice de
desaprovação passou de 73% para 75% e de aprovação, de 14% para 13%.
A
pesquisa também mostrou a percepção dos entrevistados em relação ao
ministro da Fazenda e presidenciável, Henrique Meirelles (PSD). O
principal responsável pela agenda de reformas do governo Temer tem
desaprovação alta, de 66%, e taxa de aprovação baixíssima, de 3% –
índice que pode ser explicado pelo desconhecimento de seu nome.
Apontado
como um possível “plano B” do PT, caso Lula seja impedido pela Justiça
de concorrer, o ex-prefeito Fernando Haddad alcançou seus piores índices
em dois anos. “A pesquisa mostra uma rejeição alta (57%) e comprova que
essa desaprovação cai na medida em que seu nome fica mais conhecido.
Isso quer dizer que Lula não repassa seu capital político para Haddad”,
explica Cersosimo.