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Além de confirmar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) é o referido "Amigo" no esquema de propinas, o empreiteiro Marcelo
Odebrecht revelou, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que combinou com o
ex-ministro Antonio Palocci a reserva de R$ 40 milhões de reais em
propinas para atender as "demandas de Lula". Isso teria acontecido em
dezembro de 2010, no fim do segundo mandato do petista. "Tinha um saldo
de uns 40 milhões. Aí o que eu combinei com o Palocci? Vai mudar o
governo, vai entrar a Dilma [..] A gente sabia que ia ter demandas de
Lula, por uma questão do instituto, para outras coisas. Então o que a
gente disse foi o seguinte: 'Vamos provisionar uma parte desse saldo, e
então botamos R$ 35 milhões no saldo Amigo, que é Lula, para uso que
fosse orientação de Lula, porque a gente entendia que Lula ainda ia ter
influência no PT", declarou Marcelo. Concedido nessa segunda (10), o
depoimento detalhou como o esquema de financiamento das demandas do
ex-presidente por parte do "Departamento de Operações Estruturadas" foi
criado. "Como era uma relação nossa com a Presidência [da República],
PT, com Lula, tudo se misturava. Então, a gente botou R$ 40 milhões para
atender demandas que viessem de Lula", acrescentou o empreiteiro. Nesta
quarta (12), Moro retirou o sigilo dos depoimentos prestados na
audiência que investiga Palocci. De acordo com informações divulgadas
pela Veja, além de explicar a criação da conta, Marcelo esclareceu como
se dava o recebimento das tais demandas por parte de Lula e ainda como
era o processo de liberação desse dinheiro pelo departamento. "Teve
alguns em que o pedido era feito e saía via espécie, aí Palocci pedia
pra descontar do saldo Amigo. Então, quando ele pedia para descontar do
saldo Amigo, eu sabia que ele estava se referindo a Lula, mas eu não
tinha como comprovar" Marcelo pontuou a negociação para a compra de um
terreno em São Paulo, que seria a nova sede do Instituto Lula. Ele
explica que essa seria sua forma de comprovar que o ex-presidente tinha
conhecimento da fraude. "Foi quando veio o pedido para a compra do
terreno do instituto, eu não consigo me lembrar se foi via Paulo
Okamotto [presidente do instituto] ou via Bumlai [pecuarista, José
Carlos], foi um dos dois, mas com certeza depois eu falei com os dois.
Eu deixei bem claro que se eu fosse comprar o terreno sairia do valor
provisionado", detalhou. Marcelo acrescentou que, embora Lula nunca
tenha agido diretamente – ele negociava com Palocci –, ficou óbvio que o
montante era para ele ao longo do processo. Citado em delações da
Odebrecht, o ex-presidente foi encaminhado para investigação na Justiça
Federal, o que o leva a mais um processo conduzido por Moro (saiba aqui).