Em um recado misterioso ao juiz Sérgio Moro, o
ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci, disse durante
seu interrogatório na Operação Lava Jato, nesta quinta-feira (20), que
está disposto a apresentar “coisas que, certamente, serão do seu
interesse e da Lava Jato” e poderão dar “mais um ano de trabalho” ao
magistrado. A fala foi interpretada como uma mensagem de que ele estaria
disposto a selar um acordo de delação premiada com a força-tarefa da
operação. “Fico à sua disposição hoje e em outros momentos, o dia que o
senhor quiser. A pessoa que o senhor determinar eu apresento todos os
fatos com nomes, endereços, operações realizadas. Coisas que,
certamente, serão do seu interesse e da Lava Jato. Acredito que posso
dar um caminho que vai lhe dar mais um ano de trabalho, mas que vai
fazer bem ao Brasil”, acenou. Ainda durante a oitiva, Palocci fez
inúmeros elogios à operação e ao trabalho de Moro. “O senhor tem dado
uma contribuição ao país na medida em que acelera processos, decide com
celeridade e isso é digno de nota”, afirmou o ex-ministro, preso pela
operação desde setembro do ano passado. O interrogatório de Palocci
ocorreu no âmbito da ação penal sobre lavagem de dinheiro e corrupção
ativa e passiva na compra, pela Odebrecht, de contratos de afretamento
de sondas com a Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal, o
ex-ministro interferiu a favor da empresa. A acusação foi negada por
ele. “Não, não defendi interesses. Absolutamente não”, assegurou.
Palocci também negou veementemente ter intermediado pagamentos ilícitos,
por meio de caixa 2, para a campanha de 2010 da ex-presidente Dilma
Rousseff. “Eu jamais faria isso. Eu fui ministro da Fazenda. Nego isso
de forma peremptória. Se aplica a João Santana, Mônica Moura ou
fornecedor de qualquer campanha. Eu mal operava recursos de campanha”,
refutou.