segunda-feira, 10 de abril de 2017

Delator da Lava Jato é suspeito de burlar acordo





A Lava Jato ainda não terminou e já convive com uma segunda geração de fraudes. Apuram-se agora suspeitas de logro à Justiça na execução de acordo firmado com um delator que admitiu o pagamento de propinas em troca de contratos na Petrobras. Chama-se Eduardo Hermelino Leite (na foto). Ex-vice-presidente da Camargo Corrêa, ele foi condenado a cumprir 16 anos anos e 4 meses de cadeia.
Graças ao acordo de colaboração judicial, está em casa. Deveria prestar 5 horas semanais de serviços comunitários numa entidade assistencial para cegos. Reportagem exibida na noite deste domingo no programa Fantástico, da TV Globo, informou que o delator não deu as caras na entidade.
Preso em 2014, Eduardo Leite revelou à força tarefa da Lava Jato que a Camargo Corrêa pagou R$ 110 milhões em propinas na Petrobras entre 2007 (governo Lula) e 2012 (gestão Dilma). O ex-executivo da empreiteira confirmou as cifras em depoimento ao juiz Sérgio Moro. Parte da propina (R$ 63 milhões) foi desembolsada em troca de contratos na diretoria de Serviços da estatal. Outra parte (R$ 47 milhões) azeitou negócios na diretoria de Abastecimento. Moro condenou-o por corrupção ativa (5 anos e 4 meses), organização criminosa (3 anos e 6 meses) e lavagem de dinheiro (7 anos e seis meses). A pena incluiu também o pagamento de multa de R$ 5 milhões.
Convertido em colaborador da Justiça, Eduardo Leite passou apenas quatro meses na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Foi brindado com a prisão domiciliar, em São Paulo.