Mônica Moura fazia parte do 'top five' da propina | Foto: Franklin de Freitas
Além de delatar pagamentos ilícitos ao marqueteiro baiano Duda
Mendonça, o delator da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, que chefiou o
departamento de pagamento de propina da empresa entre 2006 e 2015, disse
em depoimento à Justiça Eleitoral que as entregas de dinheiro em
espécie ocorriam em “lugares absurdos” e até em “cabaré”. De acordo com a
Folha de S. Paulo, quando questionado pelo juiz auxiliar da ação que
pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer na eleição de
2014, sobre como eram os pagamentos ao marqueteiro João Santana e a
esposa dele, Mônica Moura, responsável por operacionalizar as finanças,
Hilberto respondeu: "Se fossem valores pequenos encontravam num bar, em
todos os lugares. Você não tem ideia dos lugares mais absurdos que se
encontra, no cabaré...". Para o repasse de valores mais vultosos,
Hilberto contou que Mônica ou um representante dela se hospedavam em um
hotel onde se encontravam com um intermediário contratado pela Odebrecht
que fazia a entrega, mas que não era ligado diretamente à empresa.
"Então, você se hospedava no hotel e de noite ele visitava o quarto do
interessado, entregava e ia embora, para poder ter mais segurança se
fossem valores maiores", contou. Ele ainda relatou que, quando
coordenava o departamento de propina, preferia fazer os pagamentos fora
do país e que Mônica estaria na lista dos “top five” que recebiam os
valores mais elevados de propina da área. "Eu dizia: eu prefiro pagar
tudo no exterior, que era lá que era feita a geração, eu preferia pagar
no exterior. Mas ela [Mônica Moura] exigia que partes fossem pagas no
Brasil, justificando que tinha que pagar alguns serviços que eram feitos
no Brasil...", disse.