Marcos Valério Fernandes de Souza, que cumpre pena de 37 anos de
prisão na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), é suspeito de
prestar informação falsa à Justiça ao pedir transferência para uma outra
unidade prisional de Minas - a Associação de Proteção e Assistência ao
Condenado (Apac), da cidade de Lagoa da Prata. No pedido de
transferência ao Supremo Tribunal Federal, Valério informou que sua mãe e
sua companheira moravam na cidade. A informação foi revelada pelo
jornal O Globo. A solicitação foi aceita pelo ministro Luís Roberto
Barroso em 19 de dezembro, sob a condição de que a decisão final caberia
ao juiz da comarca local. A Apac em Lagoa da Prata prevê assistência
espiritual e orientação para atividades artísticas e o controle sobre os
presos é bem mais ameno do que o feito nas penitenciárias do Estado. Ao
negar a transferência, o juiz Aloysio Libano de Paula Junior disse que
constatou, por visita própria e com o envio de oficial de justiça, que
no endereço informado não viviam parentes de Valério. A
Procuradoria-Geral da República informou que confirmada a suspeita de
falsidade ideológica, poderá haver impacto na pena que Valério cumpre. A
investigação será feita pela comarca de Lagoa da Prata. A defesa
argumentou no pedido de transferência que Valério vinha sofrendo ameaças
na penitenciária e que o ambiente do presídio prejudica a delação
premiada que ele negocia com a PGR. Procurado, o advogado de Valério,
Jean Robert Kobayashi, não respondeu aos contatos.