O juiz federal Sérgio Moro marcou o interrogatório do
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para o dia 7 de
fevereiro de 2017, às 15h. Esta será a primeira vez que o ex-deputado
prestará esclarecimentos diretamente ao magistrado símbolo da Operação
Lava Jato.
A última testemunha de defesa de Eduardo Cunha prestou depoimento na
manhã de hoje. O advogado José Tadeu de Chiara explicou à defesa de
Eduardo Cunha como funcionam os "trusts". O ex-presidente da Câmara
acompanhou a audiência.
Eduardo Cunha foi preso preventivamente por ordem do juiz federal
Sérgio Moro em 19 de outubro, em Brasília. O ex-presidente da Câmara é
acusado, nesta ação, de ter solicitado e recebido, entre 2010 e 2011, no
exercício de sua função como parlamentar e em razão dela, propina
relacionada à aquisição, pela Petrobras de um campo de petróleo em
Benin, na África. O ex-presidente da Câmara é acusado de corrupção,
lavagem de dinheiro, evasão fraudulenta de divisas pela manutenção de
contas secretas na Suíça que teriam recebido propina do esquema na
Petrobras.
A ação já havia sido aberta pelo Supremo Tribunal Federal em junho. O
processo foi remetido para a primeira instância em Curitiba, pois Cunha
perdeu foro privilegiado desde que foi cassado pela Câmara, por 450
votos a 10, no dia 12 de setembro. Com isso, o Supremo remeteu esta ação
contra o peemedebista para a Justiça Federal em Curitiba, sede da Lava
Jato.
No rol de testemunhas de defesa estavam o presidente Michel Temer
(PMDB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Temer prestou
depoimento por escrito. O presidente da República disse a Moro que "não"
sabe de negócios de Eduardo Cunha em Benin e nem na Petrobras. O
peemedebista admitiu ter sido procurado pelo pecuarista José Carlos
Bumlai para manter Nestor Cerveró na diretoria Internacional da
Petrobras.
Em depoimento por videoconferência, na Justiça Federal, de São
Bernardo do Campo (SP), Lula declarou ao juiz da Lava Jato desconhecer
participação de Cunha em nomeação na Petrobras. O ex-presidente das
República respondeu a perguntas da defesa de Eduardo Cunha e do
Ministério Público Federal.
A mulher de Eduardo Cunha, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, também
é ré na Lava Jato acusada de lavagem e evasão de US$ 1 milhão na conta
Köpek. Cunha nega recebimento de vantagem indevida. Em seu
interrogatório, Cláudia Cruz declarou que "desconhecia a existência de
conta no exterior em seu nome" e que "nunca teve motivos" para
desconfiar do marido.