Integrantes da cúpula do PSDB, principal partido da base aliada,
minimizaram ontem os impactos da nova crise política que atingiu o
Palácio do Planalto com a queda do ministro Geddel Vieira Lima
(Secretaria de Governo), mas aproveitaram o episódio para reforçar o
discurso que tem como horizonte a disputa presidencial de 2018. "Diante
da circunstância brasileira, depois do impeachment precisamos atravessar
o rio. Isso é uma ponte, pode ser uma frágil, uma pinguela, mas é o que
tem", afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em outro
momento, após participar de almoço com Temer, o ex-presidente disse:
"Temos de chegar até uma eleição em 2018 e temos de nos unir pelo
Brasil". O ministro José Serra (Relações Exteriores) evitou dar
declarações à imprensa sobre a demissão de Geddel, mas adotou a mesma
linha do ex-presidente ao discursar no evento do partido. "Assumimos
essa responsabilidade e agora temos de ir até o final. Isso não
significa deixar de ter opinião própria. Temos de trabalhar para que
linhas corretas sejam adotadas." Apesar de o partido manter uma atitude
"amigável" neste momento com o atual governo, integrantes da cúpula do
PSDB, contudo, insistiram no recado eleitoral, afirmando que a legenda
precisa estar pronta para a próxima disputa presidencial. O
presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), chegou a
estabelecer uma data para a legenda intensificar a pré-campanha pelo
comando do País. "Estamos a partir do 1.º de janeiro, com a posse dos
novos prefeitos e atuação no Congresso Nacional, nos preparando para
fazer aquilo que é necessário para o Brasil, vencer as eleições e
governar o Brasil com decência, com ética, e com eficiência", ressaltou o
senador. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tratou a nova
crise do governo Temer como uma questão restrita ao âmbito "federal",
mas também aproveitou a ocasião para ressaltar que chegou o "tempo do
PSDB". "Vitor Hugo (escritor francês do século 19) dizia que nada é mais
poderoso do que uma ideia que chega no momento certo. E eu vejo que
volta de novo o tempo, o tempo do trabalho, da honestidade, da
competência, o tempo do PSDB", afirmou. Apesar do clima de campanha que
tomou o evento em razão da instabilidade do atual governo, Fernando
Henrique Cardoso aproveitou a presença de Alckmin, Serra e Aécio,
potenciais candidatos presidenciais em 2018, e lembrou da necessidade de
união do partido para se chegar à vitória na próxima eleição. "Esses
vários líderes têm de ter capacidade de se unir e, aí sim, o PSDB vai
dar o próximo presidente da República e vai sustentar essa transição até
que em 2018 possamos com tranquilidade dizer: o povo venceu." Após o
encontro, parte da cúpula do PSDB foi recebida para um almoço por Temer,
no Palácio do Alvorada. Segundo relatos, percebia-se um clima de tensão
no evento."E eu vejo que volta de novo o tempo, o tempo do trabalho, da
honestidade, da competência, o tempo do PSDB."