quinta-feira, 5 de maio de 2016

GOVERNO E OPOSIÇÃO COMEMORAM A SAÍDA DE CUNHA


Embora em lados diferentes, oposicionistas ao governo federal e petistas pernambucanos comemoraram a decisão do ministro Teori Zavaski de afastar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), do mandato de deputado federal. Com a medida, ele deixa, automaticamente, o comando da Casa e quem assume interinamente é o deputado Waldir Maranhão (PP). Nesta tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisará um novo pedido de afastamento de Cunha, feito pela Rede Sustentabilidade. 
Para a deputada estadual Teresa Leitão (PT), a determinação do ministro deu mais uma prova de que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara não poderia ter sido conduzido por Cunha. “ É inegável. Mas agora é querer limpar a cena do crime. Mas isso não deixa de ser bom, porque ele começou a fazer algumas ações ruins para a democracia, como a instalação da CPI da UNE (União Nacional dos Estudantes) e a tentativa de diminuir a participação das mulheres na Câmara”, afirmou Leitão.
Segundo ela, enquanto o peemedebista estava com a caneta na mão, ele tinha o poder de fazer ações retaliativas e manobras no Conselho de Ética para evitar a cassação do mandato. O processo contra Cunha se arrasta há 4 meses. “Mas não acho que a decisão é terminativa. É preciso algumas outras ações contra ele”, acrescentou a parlamentar.
Integrante no Conselho de Ética, o deputado federal Betinho Gomes (PSDB) lamentou que o Conselho não tenha conseguido destravar as discussões contra Cunha, mas disse que o afastamento é uma vitória para o Brasil. Ele destacou a preocupação com o novo comando da Câmara. Waldir Maranhão é investigado na operação Lava Jato. Na opinião de Betinho, haverá uma pressão para que haja uma nova eleição para definir nova presidência da Casa. “Como se trata de uma figura inexpressiva na Câmara, com muitas fragilidades, acredito que a pressão sobre ele será mais forte e, naturalmente, ele não terá a mesma força de Cunha para se sustentar no cargo”.
Em discurso na Câmara hoje, o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB), também disse que espera que a Casa escolha uma pessoa que a comande de forma correta e com respeito. “Não pode ser um apaniguado de Cunha para presidir essa Casa. Essa Casa tem que ser soberana, tem que se entender, procurar dentro seus membros aquela pessoa que possa ter comando, história e tradição”, ressaltou Jarbas que tem interesse em assumir a cadeira. Já o deputado federal Carlos Eduardo Cadoca (sem partido) falou que o ideal era que a decisão tivesse ocorrido antes da sessão do impeachment. “Foi um verdadeiro absurdo, mas, mesmo que tardio, o afastamento atende, enfim, às expectativas da sociedade e ajuda a reconduzir o país ao rumo da ética”, acrescentou Cadoca.
Na mesma linha de alguns líderes em Brasília, que defendem a anulação da votação do processo de impeachment de Dilma na Câmara, o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, afirmou que o impedimento se torna nulo pela combinação de dois motivos: a falta de condição para conduzir as discussões e a falta de crime de responsabilidade para configuração do processo. “Ele é um cidadão impedido e suspeito de presidir. É causa de nulidade. Se os motivos já estavam evidentes desde dezembro do ano passado, quando o procurador-geral Rodrigo Janot, fez o pedido de afastamento dele, ele não tinha condições de presidir. E é tão mais grave porque ele foi um dos articuladores do processo”.
Apesar de ser comemorada, a decisão de afastar Cunha é provisória porque trata-se de uma liminar ao pedido feito pela Procuradoria-Geral da República. A pauta terá que ser discutida em plenário para ter uma sentença final. Em seu julgamento, o ministro Teori entendeu que o peemedebista estava atrapalhando as investigações da Lava Jato, em que é réu. Mesmo sendo afastado, Cunha permanece deputado e com foro privilegiado. Isto quer dizer que os processos contra ele serão julgados pelo STF.