Depois da confirmação da aprovação da admissibilidade do impeachment,
ontem, pelo plenário da Comissão Especial do Senado, por 15 votos a
cinco, ficou mais do que evidente para o País que a presidente Dilma
perdeu a batalha. Não tem a menor chance de reverter no plenário do
Senado, na próxima quarta-feira, dedicando-se, a partir de agora, à
tarefa de limpar as gavetas para o desenlace do poder.
O relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG), se traduziu numa
peça elogiada por todos os membros da comissão e juristas conceituados. A
denúncia contra Dilma está de acordo com a Constituição. O processo não
é golpe, porque seguiu as leis e teve direito a ampla defesa.
Existe, segundo o relator, previsão legal para o impeachment, para
evitar um poder absoluto do governante. “Há indícios de materialidade e
autoria das "pedaladas fiscais" de decretos de abertura de créditos
suplementares. É possível, sim, julgar contas que ainda não foram
avaliadas pelo Tribunal de Contas da União. Não houve "vício" na
abertura do processo na Câmara, que foi motivada, principalmente, por
questões técnicas. Não houve irregularidades na votação na Câmara”,
atestou o relator.
O Governo da presidente Dilma já acabou. Agora, contar os prazos.
Ontem, foi na comissão especial do Senado, na quarta-feira será no
plenário. Não existe a menor possibilidade de ela não ser afastada. No
plenário, deverá ter mais de 50 votos favoráveis ao afastamento. Talvez
os 54 votos, que serão necessários para o afastamento definitivo, já
deverão ser dados na quarta-feira.
A tese do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que teve a
oportunidade de falar por duas vezes na comissão, foi muito infeliz. Ele
cometeu um erro primário ao negar a autoria e depois alegar legítima
defesa. Nunca houve consistência na defesa da presidente e por isso
mesmo ela será condenada.
Dilma ficará de molho por até seis meses. Segundo o colunista Josias
de Souza, não há no Senado uma mísera alma disposta a apostar meia
pataca na sua capacidade de retomar o poder. “Antes de deixar o Palácio,
Dilma deveria encomendar a divulgação de um comunicado. O texto
informaria que cientistas mobilizados pelo reino desenvolveram um tecido
especial, com o qual Dilma passou a se vestir.
O novo tecido é de beleza rara e resistência infinita. Mas é
invisível aos inimigos de Pasárgada. Assim, ninguém estranhará quando
algum golpista gritar: “Deus do céu, a rainha está nua”, escreveu o
analista. O Brasil não tem mais condições de continuar com uma
presidente que não tem apoio da sociedade civil nem do Congresso. Seus
aliados na comissão, cinco, cabem num fusca.