O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), figura
nos registros da Câmara como "autor" dos arquivos em que foram redigidos
dois requerimentos sob suspeita no esquema de corrupção da Petrobras.
Cunha é acusado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do
esquema, de apresentar requerimentos na Câmara para investigar a Mitsui,
fornecedora da estatal que teria interrompido o pagamento de propinas.
Os dois requerimentos pediam informações ao Tribunal de Contas da União
(TCU) e ao Ministério de Minas e Energia sobre contratos da Mitsui e a
Petrobras. Segundo Youssef, o objetivo era intimidar a empresa e
forçá-la a retomar o pagamento de propinas. De acordo com o jornal Folha
de S. Paulo desta terça-feira (28), consta no sistema oficial da Câmara
o nome do presidente da Casa como "autor" dos dois arquivos em que
foram produzidos os documentos, assinados pela ex-deputada Solange
Almeida (PMDB-RJ). "Pode ser um funcionário dela que pode ter ido lá
pedir à [minha] assessoria pra fazer, acontecia com vários deputados,
até porque ela era suplente", disse Cunha. Segundo ele, o seu gabinete
era usado por vários colegas do Rio de Janeiro, principalmente suplentes
que assumiam mandatos. O presidente da Câmara é investigado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de ter se beneficiado de
pagamentos de propina por fornecedores da estatal, o que ele nega.