A
julgar pelo tom da entrevista do presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB/RJ), às jornalistas Maria Lima, Isabel Braga, Joana
Gama e Sergio Fadul, publicada neste domingo no jornal O Globo, a
aliança PT-PMDB chegou ao fim.
Na
essência, Cunha afirmou que o PMDB finge que é governo e o PT finge que
acredita. "Os ministros do PMDB não têm ministério relevante. Sempre
foi assim. Na prática, a gente finge que está lá. E eles fingem também."
Cunha
também negou que ele e seu colega Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente
do Senado, tenham tomado o comando do País. "Quem tem a caneta? É ela.
Quem edita medidas provisórias? É ela. Quem libera o orçamento? É ela.
Quem nomeia e indica a cargo? É ela. Então é ela quem governa".
O
presidente da Câmara também voltou a acusar o Palácio do Planalto de
tentar enfraquecer o Congresso, com a Operação Lava Jato. "Ficou claro e
nítido que eles estavam fazendo uma opção de enfraquecer a todos nós".
Outro
alvo do parlamentar é o ministro Gilberto Kassab, das Cidades, que
tenta recriar o PL, para atrair parlamentares insatisfeitos com suas
legendas. "Operação Tabajara", disse ele. "Se deram corda para o Kassab,
quem deu a corda é que está errado", disse Cunha. Ele afirma que foi
uma tentativa clara de atingir o PMDB.
Indagado
se pensa em assumir a presidência da República, quando Dilma e o vice
Michel Temer se ausentarem do País, Cunha foi irônico. "Se o Cid Gomes
ainda fosse ministro, eu podia demitir o Cid. Mas não vou poder nem
demitir o Cid".
Sobre
a Lava Jato, em que é um dos alvos da investigação, Cunha mandou um
recado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "Estou em guerra
aberta com o Janot. Vamos ver até que nível ele vai". Cunha, no
entanto, admitiu se tratar do maior escândalo do mundo. Pela entrevista
deste domingo, Cunha sinaliza que nem a indicação do aliado Henrique
Alves para o Turismo será capaz de apaziguá-lo.(Do Portal BR 247)