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A derrota que o deputado Diogo Moraes (PSB) impôs ao Governo, ao ser
eleito primeiro-secretário da Assembleia numa postulação avulsa, acendeu
a luz amarela no núcleo central do governador Paulo Câmara. Se o
Governo já vive um inferno astral com as rebeliões nos presídios, o
baque na Alepe gerou uma desconfiança de que seu governo pode viver a
neurose da instabilidade ou até não dar certo.
Pela primeira vez, o Estado tem um governador que não faz política
nem tampouco montou uma boa retaguarda que possa suprir essa
deficiência, que é grave. Governar não é apenas gerir. Gerentões que não
se convertem à política acabam batendo cabeça. E gerentonas, também.
Basta citar o exemplo de Dilma.
Administrar é um exercício permanente da arte de fazer política. Se
Câmara fosse do ramo ou tivesse um interlocutor que conhecesse um mínimo
do assunto não teria sofrido uma derrota tão acachapante em início de
gestão. Não foi Lula Cabral que perdeu, como disse ontem neste espaço,
mas o Governo.
Cabral foi apenas a primeira vítima de um vácuo político que existe
no Governo, com chances de vitimar muito mais gente. Nesta área, o rei
está nu e ainda não despertou. Alguém mais experiente, ou mais corajoso –
pode ter as duas virtudes, melhor ainda – tem que acordar Câmara.
Seu governo está correndo o risco de se transformar num tremendo
desastre político, enquanto, administrativamente, vive emparedado como
no Big Brother global pelas enxurradas de rebeliões que ensanguentaram o
Estado, arranhando a sua imagem no plano nacional.
Afinal, parodiando o bem informado e competente marqueteiro Marcelo
Teixeira, da Makplan, eleição de clube, de sindicato, de partido
político e de mesa legislativa, quem tem o poder só perde por
incompetência.
BURRICE– Analisando a derrota do PT na eleição da
mesa diretora da Câmara dos Deputados, Marcelo Teixeira constata que o
Governo continua sem ter oposição. “Ao insistir com a candidatura de
Júlio Delgado (PSB) a oposição perdeu a oportunidade de derrotar o
Governo. Deixaram Eduardo Cunha derrotar o PT sozinho, mas a oposição
também sai derrotada, pois seu apoio a Cunha seria um verdadeiro
massacre”, observou.