Imóvel comprado por meio da Bancoop tem até mesmo elevador privativo; cooperativa é acusada de irregularidades e deixou mais de 3 mil sem receber imóveis


Imagens de um apartamento no prédio em que Lula adquiriu um triplex

O minha casa, minha vida de Lula
Imagens de um apartamento no prédio em que Lula adquiriu um triplex
O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em breve vai poder desfrutar do triplex que comprou
na praia das Astúrias, no Guarujá, em São Paulo. Segundo reportagem do
jornal O Globo, o apartamento foi entregue em dezembro de 2013, mas as
obras de acabamento terminaram apenas na semana passada. O imóvel foi
comprado por meio da Bancoop (a Cooperativa Habitacional dos Bancários
de São Paulo), acusada de irregularidades e de deixar mais de 3 mil
associados sem receber seus apartamentos. O condomínio foi construído
pela OAS, uma das empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, que
investiga pagamento de propina a partidos políticos por meio de
contratos com a Petrobras.

Segundo O Globo,
a reforma do apartamento é comandada por Lulinha, filho de Lula, e
constantemente vistoriada por sua mãe, Marisa Letícia. Ela providenciou a
decoração do local, que recebeu a visita de Lula apenas três vezes.
Saiba mais: O Escândalo da Bancoop
A construção do edifício
de Lula só terminou porque a empreiteira OAS foi contratada por João
Vaccari Neto, presidente da Bancoop até 2010 e atual tesoureiro do
partido, para concluir o projeto, que estava parado assim como a maior
parte das obras financiadas pela cooperativa. Para que o empreendimento
fosse concluído, cada morador teve que pagar um adicional de 120 mil de
reais.

Segundo uma imobiliária
local ouvida pelo Globo, o apartamento de 297 metros quadrados, à
beira-mar, é avaliado entre 1,5 e 1,8 milhão de reais. Ele conta com um
elevador privativo que serve os três andares do apartamento. Na
declaração de bens do ex-presidente em 2006, quando disputou a
reeleição, ele confirmou ter pago naquele ano 47.695,38 reais à Bancoop
pelo imóvel.
Enquanto o imóvel de
Lula está pronto para ser habitado, mais de três mil famílias
associadas à Bancoop não tiveram a mesma sorte. A cooperativa dos
bancários levantou 57 empreendimentos, mas 14 estão inacabados. A
Bancoop foi fundada em 1996 e tinha o ministro das Relações
Institucionais do governo Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini, como diretor
técnico, e João Vaccari Neto como diretor do conselho fiscal.
Em 2010, reportagem de VEJA revelou que
o Ministério Público quebrou o sigilo da Bancoop e descobriu que
seus dirigentes lesaram milhares de associados, ao que tudo indica para
montar um esquema de desvio de dinheiro que abasteceu a campanha de Lula
em 2002. Pessoal ligadas ao PT sacaram ao menos 31 milhões de reais na
boca do caixa. Houve, ainda, quebra de sigilo das contas de Vaccari.
Os promotores
descobriram que, na gestão do ex-tesoureiro do PT, empresas fantasmas
foram criadas para interceptar parte dos 460 milhões de reais captados
pela cooperativa ao longo dos anos. Segundo o promotor José Roberto
Blat, a cooperativa deu um prejuízo aos oito mil associados de pelo
menos 100 milhões de reais. Quebrada, a cooperativa deixou uma dívida
total avaliada em 86 milhões de reais.
A reportagem de O Globo ouviu
ex-associados que, mesmo depois de terem quitado o imóvel, não
receberam as chaves e ainda são alvo de cobranças da Bancoop. A
cooperativa pede pagamentos vultosos para que os proprietários possam
ter, enfim, as escrituras dos imóveis. Ainda segundo O Globo, a
cunhada de Vaccari, Marice Correia de Lima, também é feliz proprietária
de imóvel financiado (e entregue) pela Bancoop. No último dia 18, ela
foi levada coercitivamente por agentes da Operação Lava-Jaro a depor na
Polícia Federal de São Paulo, para explicar por que recebeu 244 mil
reais da OAS.
Fonte: Veja