
Divulgado um dia
após a diplomação de Dilma, o texto sustenta que o PT fez uso de
mecanismos suspeitos para vencer a eleição presidencial (como dinheiro
possivelmente desviado de esquemas na Petrobras), e crava que o TSE fez
vistas grossas aos crimes porque seu presidente, Toffoli, ainda se
comporta como advogado do PT.
A nota do PSDB é
uma resposta ao discurso de Toffoli durante a diplomação de Dilma. O
magistrado precisou ressaltar que as contas da campanha petista foram
aprovadas e que não há espaço no TSE para tapetão. Horas antes, os
tucanos haviam entrado com mais uma representação na Justiça Eleitoral,
solicitando o impedimento da petista e a diplomação de Aécio em seu
lugar.
Abaixo, a nota do PSDB em resposta ao ministro:
Dilma Rousseff
foi diplomada ontem como presidente reeleita do país. Com tantas
suspeitas ainda pairando sobre a campanha que a levou à vitória em
outubro, é no mínimo temerário que o TSE tenha lhe garantido o
certificado. Talvez fosse diferente se um ex-advogado do PT não
comandasse a Justiça Eleitoral brasileira.
A cerimônia
ontem era de Dilma, mas quem ocupou a ribalta foi José Antonio Dias
Toffoli. O presidente do TSE abandonou a postura que se espera de um
magistrado para envergar a toga de um militante político. Lembrou os
velhos tempos em que defendia gente como José Dirceu e Delúbio Soares,
condenados que agora têm no currículo uma longa temporada na Papuda.
O presidente
do Tribunal Superior Eleitoral decretou que a eleição presidencial é
“página virada”. Foi mais longe e, enfático, ordenou que quem levanta
suspeitas sobre os métodos empregados pela campanha vitoriosa “se
calem”. “Não há espaço para terceiro turno que possa vir a cassar o voto
destes 54.501.118 eleitores”, discursou, para delírio dos petistas
presentes.
O mais
engajado militante talvez não conseguisse produzir melhor peça de
campanha. A experiência pregressa de Toffoli como causídico talvez o
tenha ajudado nesta hora: inclui serviços prestados ao PT e à CUT
durante nove anos, um cargo na Casa Civil à época em que Dirceu a
comandava e a chefia da Advocacia-Geral da União durante o tempo em que o
governo Lula esteve sob o fogo cruzado das investigações do mensalão.
Por que os
brasileiros que desconfiam da lisura da campanha que deu mais um mandato
a Dilma Rousseff devem calar-se? Por que devem ignorar as denúncias de
que dinheiro sujo desviado de cofres públicos pode ter financiado a
vitória petista? Por que devem esquecer o uso da máquina estatal para
beneficiar a candidata oficial, como aconteceu nos Correios? Por que
devem sublimar o mais explícito terrorismo já praticado numa eleição no
país?
Num país
(ainda) democrático como o Brasil, acima de tudo estão as instituições e
o sagrado direito de manifestação. A legalidade da vitória da
presidente é indiscutível. Mas isso não significa calar-se diante das
monumentais evidências de que a eleição foi ganha pelo PT com métodos
espúrios, com procedimentos inadequados, com aviltamento de
instituições, com fortes suspeitas de ligações do partido da candidata
com a corrupção.
É por isso que
as forças de oposição têm recorrido, e continuarão recorrendo, à
Justiça para que prevaleçam os preceitos legais, para que as
instituições sejam respeitadas, para que a lisura das disputas
eleitorais assegure que a vontade do eleitor seja sempre soberana. O
ex-advogado do PT pode até querer defender os 54.501.118 de cidadãos que
optaram por Dilma Rousseff, mas não pode pretender calar os 51.041.155
de brasileiros que preferiram Aécio Neves.