quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

No governo de Dilma só lambança




 Depois de a presidente Dilma, segunda-feira, haver declarado que submeteria ao procurador-geral da República os nomes de políticos cogitados para o novo ministério, de modo a saber quais os envolvidos no escândalo da Petrobras, para não nomeá-los, veio o ministro da Justiça afirmar a impossibilidade da consulta.
E pela simples razão de que Rodrigo Janot, com quem ele conversou na véspera, haver negado a possibilidade de transmitir qualquer informação ao palácio do Planalto, a respeito da lista ainda não divulgada, que elabora. Seu trabalho corre sob segredo de Justiça, sob sigilo absoluto.
Como admitir que Dilma tenha anunciado a disposição na frente dos jornalistas credenciados, para ser desmentida, um dia depois, pelo seu ministro da Justiça?
O governo endoidou, tanto pela irresponsabilidade da presidente da República, ao anunciar a consulta sem ter tido o cuidado de, antes, sondar o procurador-geral. Faltaram assessores para orientá-la? E ao ministro da Justiça, cuidados para preservar a chefe?
Esse fim de governo faz prenunciar o começo do segundo: uma lambança sem limites, ainda mais quando, ontem mesmo, foram conhecidos os nomes de alguns novos ministros indicados pelos partidos que apóiam o governo. Gente sem a menor proximidade com os cargos que irão ocupar.
Melhor poupá-los de referências nominais, mas por que o filho derrotado de Jader Barbalho nas eleições para governador do Pará irá ocupar o ministério da Pesca, ou Eliseu Padilha chefiará a Aviação Civil?
Ate ontem parecia certa a continuação de José Eduardo Cardoso, mas como imaginá-lo na Justiça depois de desmentir a presidente da República? De que maneira aceitar a chantagem dos partidos da base oficial, impondo nomes sem a menor relação com os problemas que precisarão enfrentar? Pior ainda: o que dizer de uma chefe do governo desprovida de condições para selecionar os melhores nomes para o seu ministério?
Endoidou todo mundo, ou melhor, o segundo mandato será igual ao primeiro.
(Carlos Chagas)